quarta-feira, 26 de abril de 2006

Passos Largos

Caminho a passos largos,
Por essas ruas indefinidas,
Ruas largas, ruas estreitas,
A passos largos e não estreitos,
A caminho de um horizonte,
Que não se alcança por que é sempre assim.
Caminho com o amor tombado nas mãos,
Um amor que morre, um amor que nasce,
Um amor incerto como as ruas que percorro,
Mas largo como os passos que teimo em dar.
Sonho um futuro de pôr do sol,
Um amanhã sorridente,
Com o sol por entre os tijolos e azulejos,
Nas ruas desta cidade também incerta.
Procuro encontrar um passo adiante,
O que teimo em não encontrar,
Ou que teima em não aparecer.
Caminho a passos largos e decididos,
Porque está calor e porque é bom,
Porque o amor que nas mãos carrego,
Cresce verde de esperança,
A cada dia e a cada passo.
Não vejo por certo o amanhã,
Nem a mim ele pertence.
Mas a esperança?
Essa é larga como os meus passos,
E luminosa como o sol desta cidade,
Em que não nasci,
Mas que é cada vez mais minha.
Caminho a passos largos...

segunda-feira, 24 de abril de 2006

Sondagem sobre o post do peito das senhoras

Este foi o resultado final da sondagem antes de mudar o post:



Isto foi o que aconteceu depois, cada um que faça as suas interpretações ou comentários:



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Fantasma do Natal Futuro


Hoje fui acordado, ainda nem eram horas para os pássaros cantarem, pelo fantasma do natal futuro.


Não é de certo a primeira vez que me aparece, mas hoje foi mais nítido do que nunca. (Aliás ele já anda por perto faz algum tempo, mas isto só vê quem quer ver)


Para os que não conhecem a história, um homem muito "mau" é visitado por três fantasmas, na noite de Natal, cada um mostrando-lhe diferentes natais (passado, presente, futuro). Claro que o senhor resolve o seus problemas para mudar o futuro que se vislumbra tão negro.


Não é certo as razões pelas quais as pessoas se cruzam no mundo, ainda por cima, do tamanho que é. Ou seja, porque é que pessoas tão específicas vêm aparecer ao nosso lado, em determinado momento da nossa vida. Sinceramente, também não tenho explicação.


Mas esta visita de hoje, foi o espelho, mais ou menos distorcido, de um de tantos futuros possíveis da minha vida. Não que este espelho acidental seja uma má pessoa, ou injusta, ou cruel; é apenas uma pessoa, mas que para mim representou, pelo menos hoje, algo que eu poderei vir a ser e que me assustou.


Também não sei se podemos alterar em grande medida o que nos acontece, mas temos, e isso acredito, a força para mudar a direcção do nosso caminho, a determinação para recusar ou aceitar o que nos acontece e para não nos rendermos a um determinismo fatalista (acho que é mesmo o que mais me assusta nas pessoas).


Não quero este Natal Futuro para mim, quero coisas diferentes. Mais ternura, mais amor, mais harmonia e mais serenidade.


"Aprendi a lição senhor fantasma, prometo!"


PS: Para os que não conhecem a história podem lê-la aqui.


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sábado, 22 de abril de 2006

From Lisbon to the World

Last week I had some good friends from Denmark visiting me. It wasn’t the first time they had been here and it was, as usual, a wonderful experience.It is not a new feeling but it is a beautiful one. Being part of a multicultural and multicoloured world.

Since I was about 14 I realized the world wasn’t just Portugal and the others. Or just white, or black, or yellow people. It was made of a multiplication of different combinations. Wonderful combinations.

I have travel a bit, and I have met people from all over. And I must confess it is that variety that brings colour and happiness to my life. I am not a Portuguese, I am a worlduese. Part of this little circle where we all live and that we share, closer and closer together.

Having a Danish friend meeting a Chinese Swedish in a computer shop. Meeting a blond blue eyed African or some other amazingly interesting mixture.

And in that profound sense Lisbon is part of that small world, we Portuguese, sailors and discovers of the world. Home to some many and starting journey for such a large amount of people. I love Lisbon, I love the mystery of having such big differences and such similarities.

It is a mixture of beauty and poverty, of colossus buildings and little nothings. Of educated people, and of simple smiles.

Down some deep mysterious feelings I feel I belong here, my epicentre of the world.

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O peito daquela mulher é mais giro que o meu?

Não pode evitar. O Antunes, acompanhado da sua esposa, descia um elevador com uma vizinha decotada. E aquele ... ramo rubro de papoilas ... tirava-o do sério. Está preso a ele. A sua esposa, já incomodada apertava-lhe a mão com força.

Ao sair do elevador o Antunes olha para a esposa com um ar inocente e diz:

"Sabes amor, não sei se já percebeste, mas existe uma fixação existencial dos homens em relação ao peito das mulheres. Algo que não pode ser definido nem explicado em palavras, mas que todos os homens sentem.

A maior diferença é que uns disfarçam melhor que os outros, olham menos, comentam menos, pensam menos, mas a necessidade ou o desejo são idênticos.

Há quem diga que tem a ver com o facto de sermos alimentados, quando recém nascidos, através dessas admiráveis serras; que são elas que nos constróem e nos dão forma.

Num livro sobre a relação homem-mulher, li eu uma vez, uma investigadora dizia que era a única altura onde verdadeiramente o homem tinha a posição absolutamente passiva, e a mulher a activa.

Sabes querida, mesmo os homens que não tiverem ou o direito, ou a oportunidade, continuam fixados por esse pedaço de pele, cheio de tecido adiposo a que comummente denominamos mamas.

Não quero absolver a nossa responsabilidade, como namorados, comprometidos, maridos, pais de família, e até avós. Mas só te quero explicar que é algo genético. Algo inexplicável e instintivo.

Quase como que uma necessidade magnética. Precisamos de olhar para elas, de “lhes tirar as medidas”. De as ir juntando a nossa lista de “peitos visionados”. Ou com roupa, ou sem roupa. E a verdade é que tão depressa como surgem, depressa partem. (Nem todas, claro, como as tuas amor). Mas a necessidade, o desejo caprichoso, esses continuam.

E por isso não querida, não é por as tuas não serem as mais bonitas, é só porque nós homens nascemos todos assim. Por isso querida, não, o peito daquela mulher não é mais giro que o teu!


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sexta-feira, 14 de abril de 2006

Um Amor Feliz Não Tem História ...

... diz-nos David Mourão Ferreira.

Acho a frase forte e cheia de sentido. E hoje, no começo deste merecido descanso, achei que a devia partilhar convosco. Podemos analisá-la de muitas formas, mas para mim destaca-se em duas dimensões fundamentais.

Acho que os verdadeiros amores vivem-se, não se sonham, ou não se relembram com nostalgia. São momentos plenos e completos, em que vivemos da melhor forma que sabemos e conseguimos. São momentos onde nos sentimos completos, complementados, concordantes e construtivos.

Por isso são amor sem história, mas infinitamente presentes. São o agora do amor.

A outra possibilidade é pensarmos nas relações que passaram, no que recordamos delas, e feliz ou infelizmente, tendemos a construir uma narrativa das nossas relações que não correram bem, tentamos montar, adaptar, estruturar sentimentos que não resolvemos, que não entendemos, que nos foram dolorosos.

Num amor feliz, não há memórias assim, sou a doce lembrança das aventuras e dos momentos em comum.

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Já agora só mais uma nota sobre a memória. Um cientista que analisava crianças com memórias de passados violentos e de abusos concluíu duas coisas muito interessantes: Primeira, que quando mais falamos sobre o que nos aconteceu, mais alteramos e adaptamos e modificamos a nossa experiência vivida; a segunda, que na realidade, só cerca de 10% das nossas memórias correspondem ao que objectivamente aconteceu, o resto é uma colagem fantasiosa da nossa cabeça.

quarta-feira, 12 de abril de 2006

Os Amigos "Gato Fedorento"

Há humor tão bom, que mesmo quando não o estamos a ver, faz-nos rir. Ora leiam:

Mãe: Ouve lá filho, sabes aquele programa que dá na RTP1 a seguir ao Telejornal à sexta-feira?

Filho: Sim mãe, os Gato Fedorento.

Mãe: Tu consegues achar piada aquelas asneiras todas?

Lua Cheia de Verão


Hoje a caminho de casa cruzei-me com a lua. Estas quase noites de verão deixam-me ansioso por mar, areia, cerveja e boa companhia.

terça-feira, 11 de abril de 2006

Felicidade

Será que a felicidade é algo que surge na sequência de algo, como resultado das nossas acções, de um trabalho consciente e intencional.

Um será que a felicidade é apenas um estado que se escolhe ter, independentemente dos acontecimentos ou circunstâncias?

quarta-feira, 5 de abril de 2006

Ora vejam aqui

"... a maravilha que deve ser escrever um livro: a invenção dentro da memória; a memória dentro da invenção; e toda essa cavalgada de uma grande fuga, todo esse prodígio de umas poligâmicas núpcias, secretas e arrebatadas, com a feminina multidão das palavras: as que se entregam, as que se esquivam; as que é preciso perseguir, seduzir, ludibriar; as que por fim se deixam capturar, palpar, despir, penetrar e sorver, assim proporcionando, antes de se evaporarem, as horas supremas de um amor feliz. Não há matéria mais carnalmente incorpórea; nem outra mais disposta a por amor ser fecundada."

(in Um Amor Feliz, p.229)

terça-feira, 4 de abril de 2006

Comentários aos comentários

No meu dia de anos foram dois os comentários sobre o meu blog que resolvi comentar.

LB disse que em alguns casos eu escrevia coisas grandes, fazendo aquele gesto com as mãos, palma contra palma, afastando-as largamente, tão grandes que nem sequer há tempo para ler.

Eu digo que ela tem razão, mas o desfiar do que me preenche não tem fita métrica, pode ser breve e simples, ou enorme e sem sentido. E por isso só os lê quem tem tempo/paciência/vontade para o fazer. E eu gosto assim, para cada gosto seu paladar.

A disse que estava surpreendido com o meu blog, que o achava muito interessante.

E eu digo que não o acho interessante, tantas vezes o acho repetitivo e monótono, ou pouco interessante na forma da escrita e dos conteúdos. Mas como espelho da minha vida que é, nem tudo é interessante, rico e cativante. Como a vida em si.

Sonhos e outras coisas que nos fazem sonhar


Estou a ler um livro apaixonante: "Um Amor Feliz" de David Mourão Ferreira. Confesso que ainda só vou a meio mas aconselho vivamente dois capítulos extraordinários de literatura portuguesa: o do Jantar em casa dos latino-americanos, e o outro o discurso exaustivo e realista da empregada da limpeza. São pérolas da escrita.

Ou melhor, para mim são pérolas da escrita. Talvez por que me identifique, não obviamente com a qualidade, mas de uma forma muito mais modesta (a minha claro) com uma escrita visual e cheia de humor, que nos preenche os sentidos.

Era assim que gostaria de ser. Um escritor de sentidos, de sentimentos, de humor e de encanto. Um escritor que pinta as palavras de forma encadeada, sem cuidados excessivos, nem intelectualismos gratuitos.

Sempre quis escrever. Desde que tinha idade para juntar letras. E ainda guardo religiosamente em casa esses pedaços de letras desalinhadas, cheias de erros de ortografia, gramática, mas cheios de mim:

"e o cão veiu salfar a selhora Ana do asidente."

Nunca foi pela qualidade da escrita, mas por algo que Richard Back descreve lindamente no seu livro Ilusões: algo que rebentando pela parede, te agarra no colarinho e diz, não te largo enquanto não me escreveres.

E assim é! Não que seja algo de vida ou morte. Mas diz St. Teresa d'Àvila: O único verdadeiro pecado é o que fica por fazer. E tantas vezes pequei. Por medo, por preguiça, por convicção de falta de jeito.

Hoje já não é tanto assim. Neste blog, vou encontrando um espaço de expressão dos meus amigos, que me apertam o colarinho. E vão tranquilamente tombando para as páginas de bites and bytes deste blog. E fico mais tranquilo e feliz de os ver expressos. E contente porque me trazem também espaços para outros sonhos.

Queria também cantar. Sempre quis cantar. Ser protagonista de uma qualquer banda. Sentir a música e encantar. Estar num palco intimísta, a desencadear palavras e sons em cadências românticas.

Sou um humanista, existencialista, romântico e sonhador.

E continuo cheio destes sonhos que parecem feitos de criança: ser bombeiro, pintor, rico, polícia, herói. Mas não é isso que nos faz avançar? Querer sempre mais?

segunda-feira, 3 de abril de 2006

Grande Festa

Queridos amigos. Que grande festa, que grande encontro, que alegria.

Foi realmente a forma perfeita de dar início aos meus 32 anos. Não podia ter corrido melhor.

São nestes momentos que temos a certeza que parte fundamental da nossa vida são as pessoas que nos rodeiam. E eu tenho tanta sorte. Vivo rodeado de pessoas que me conhecem, que gostam de partilhar este projecto comigo. E eu gosto delas, e gosto da casa cheia.

Gosto de ter de me sentar no chão, de não haver jantar que chegue, de ter a casa cheia de sons e de sorrisos. Dos doces e dos salgados, das partidas e dos pequenos acidentes.

Foi realmente magnífico estarmos todos reunidos.

Obrigado a todos.

PS: as fotografias são o lado exterior do mealheiro onde se reuniu as verbas para mais um módulo para a sala. Faltou muito pouco para o valor necessário e assim sendo eu oferecerei a mim próprio o que ainda falta. Em breve prometo novidades sobre o mesmo.

Estamos a ficar velhos?

Diálogo entre amigos na festa de aniversário:

D: Eu gosto de homens mais velhos!
B: Eu já tenho 32 anos, o que achas?
D: No ponto!

J: Pois D, daqui a uns anos vais dizer antes: Eu gosto de homens, ponto!