quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Humanidade - reflexos que reflectem

No outro dia estava a preparar o meu workshop de Constelações Familiares em Penamacor (já agora recordo que é dia 15 e 16 de Novembro) e andava à procura de uma imagem e de um tema para as minhas consultas individuais (para quem não sabe as Constelações podem ser feitas em consultas individuais e privadas).

Achei que o tema "Mais Sobre Quem Sou" era um tema perfeito pois me ligava, nas minhas questões profundas, às questões profundas do outro.

Sem saber muito bem procurei uma imagem para o conceito e encontrei-me com esta que imediatamente escolhi.

Se ainda não perceberam nada espero conseguir ser mais claro agora:

Adoro a humanidade: primeiro, a minha em particular; depois, a do mundo em geral. Gosto de pessoas. Dos seus seres, dos seus pareceres e dos seus quereres.

O homem humano fascina-me: seja o rapaz de calções a correr com um blusão fluorescente, ou a senhora que me pede dinheiro no vidro do carro com sinais misteriosos. Seja o condutor do autocarro (demasiado rápido) ou da pele africana que brilha um castanho doirado ao sol.

Adoro que pensemos tanto em nós e nos outros. Adoro a complexidade da comunicação. E o excesso de informação da Internet.

Nós somos fantásticos, multicoloridos, diversificados e complexificados. Somos.

E neles vejo sempre um pouco de mim, de mim feliz e grávido, ou de mim de cabelo branco e bengala. De mim jovem executivo numa Vespa Preta Brilhante (já faltou mais para a vespa).

Gosto dos cheiros e das cores, dos sons e da confusão. De como a cidade se esvazia de pessoas e parece que todos desapareceram, para no segundo a seguir sermos atropelados por pessoas que estão mais ali do que aqui.

É este mundo humano que amo, que me humaniza e que ermaniza.

Sejam todos bem vindos ao meu mundo.

5 comentários:

  1. amigo constelacional....

    conheço-te há longos anos. Hoje levei um raspanete teu por nunca vir a este blog. Surpresa, cá estou...

    Fico-me, contudo, pela imagem: já vi melhores escolhas da tua parte, mas também não dizes que razão te levou a escolher esta imagem.

    A minha interpretação, que será certamente sujeita a interpretação desse lado, diz-me:

    está um homem a andar da direita para esquerda - de acordo com as nossas convenções, está a andar para trás; de seguida, cai num buraco e fica encolhido, com frio, de braços cruzados. Será do frio, ou estará a proteger-se de qualquer outra coisa? A imagem não sugere frio...

    Gosto do verde e do azul, mas não vejo harmonia: há um buraco em forma de cálice no meio. Não é costume ver-se isso na natureza, com formas tão geométricas;

    O céu tem uma nuvem desenhada, porém nunca vi uma nuvem com aquela forma, parece uma lula; depois, há um ovo (não me parece a lua) e uma gaivota (sonho? saudade? mar? água?); gosto das árvores; a casa inclinada no meio do buraco, contudo, parece vinda de um bairro de lata: pouco seguro, provisório, marginal.

    No meio está um estendal, com uma peça de roupa, um balde e uma mola; diria que é uma referência à vida doméstica; será que o homem está com medo da vida doméstica?

    A questão que se me coloca ao ver a imagem é, claramente, porque razão a escolheste tu de "imediato"?

    Quem é o homem, és tu? Senão tu, então quem?

    Ao ler o teu texto, fico ainda mais perplexo com a complexidade do tema. Dizes tu: "Sem saber muito bem procurei uma imagem para o conceito e encontrei-me com esta que imediatamente escolhi."

    Mas... Qual conceito? Sem saber muito bem, precisamente o quê? Encontraste-te com a imagem, ou viste-a no monitor do teu computador?

    Depois, dizes que vais clarificar as mentes mais confusas... Mas não é clarificador o teu texto seguinte:

    adoras a humanidade (o homem humano fascina-te); há uma senhora a pedir dinheiro e um rapaz a correr de calções com um blusão "florescente" (na verdade, escreve-se fluorescente) e por aí fora...

    Mas isto clarifica o quê?

    Depois vem mais texto, aparentemente à procura de um sentido que não está lá: "Nós somos fantásticos, multicoloridos, diversificados e complexificados. Somos... mas quem? a humanidade é toda fantástica? o multicolor será do blusão florescente - fluorescente? o que tem isso a ver com o excesso de informação da internet? e estás grávido??? a vespa já sabia... mas haverá mais pessoas ali do que aqui? onde estás??????

    Resta-me uma pergunta final: de quem é, afinal, a mente confusa? Será do homem que caiu no buraco e ficou com medo?

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  2. Amigo aquático-social,

    Quero agradecer teres passado por cá.

    Preferia um não-anonimato mas se calhar foi distracção.

    És sempre bem vindo.

    És a prova viva da diversidade possível.

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  3. Não passa um dia que as pessoas não me surpreendam Bernardo, nas coisas mais pequeninas. Hoje não consegui deixar de parar aqui para te falar, depois de ler o teu post e respectivos comentários.

    Ao contrário do " "Amigo" aquático-social", eu gostei bastante do teu texto e da escolha da imagem também.

    Acho que é explicito que procuravas uma imagem que falasse sobre o tema "Mais Sobre Quem Sou" que escolheste para o workshop. É um tema inesgotável que desperta na nossa adolescência e tem sempre mais e mais para ser explorado, se decidirmos não ficar pela rama na nossa vida e do nosso intimo, achar que já sabemos tudo sobre ela e sobre nós é desperdício de vida.

    A experiência ganha-se praticando, ninguém é detentor da verdade. Nem tu, nem eu, nem um senhor com 40 anos de prática e um curso superior em Psicologia, Sociologia,...

    Fico feliz por aprender com as crianças, por aprender contigo, por aprender com os meus amigos e com a minha família. Fico contente que não tenhas desistido de te conhecer cada vez mais e seguires com tranquilidade aquilo que foste descobrindo que te realiza, mesmo que isso seja difícil assumir por ser difícil de entender por algumas "mentes superiores" que nos rodeiam!

    Acho que deve ser muito realizador que tanta gente te chame para fazer algo que te apaixona tanto. :D

    Quando começas a falar mais de ti, tornas-te delicioso, com energia, paixão pela vida, pelas coisas boas que existem na humanidade e nas pessoas em particular.

    Acho que criticar/ajudar/pôr em causa alguém tem ou deveria ter um espaço próprio numa amizade. Respeitar as tuas escolhas e os teus caminhos, mesmo que não os entenda ou concorde, faz parte das dificuldades de uma relação.

    As pessoas para se conhecerem, precisam de parar e estar com elas mesmas, pôr-se em causa, escolher. Isolar-se do ritmo alucinante das cidades e parar para ouvir o que sentem, pensam... Gosto da tua imagem. Alguém que pára num lugar que lhe é um refúgio e ainda assim rodeado de vida, ordens e desordens. :)

    Admiro a forma como leste tudo o que te escreveram e respondeste com um simples: Apesar das diferenças, também pertences a esta humanidade que amo, és bem-vindo.

    Tenho muito que crescer e me descobrir, sem dúvida...

    Boa caminhada!

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  4. Obrigado Ceci pelas tuas palavras:

    Ainda sobre a imagem acho que não viste bem Aquático. Aquilo era o homem que num dia feliz estava a pendurar roupa na corda à porta de casa. Começou a chover e como a roupa estava muito molhada a terra teve uma derrocada e a casa e o seu proprietário caíram no buraco. Obviamente com a tempestade em terra a gaivota está a dirigir-se para o mar (daí o cheiro a maresia). O homem que, dizes tu, anda para trás é um amigo, que faz o que todos os amigos de grande coração fazem, aceita voltar para trás para ajudar o seu irmão.

    Eles não estão nada confundidos. Mas eu, ou tu se calhar, podemos estar. Coisas da vida.

    PS E felizmente a vida não é só a mente, nem só de quem usa a mente, ou mente.

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  5. Pois é amigo...

    se calhar preferia uma boa gargalhada, audível e partilhada, de quando em vez. Mas é raro estares disponível ou atenderes o telefone. Fazes mais sentido ao vivo, apesar de teres um sentido que muitas vezes não é o meu: haverá melhor numa amizade?

    No espaço digital fica apenas a imagem. E na interpretação sabes que sou racional: defeito de fabrico ou de profissão, tu dirás melhor que estás ao longe.

    Em todo o caso, os pés-na-terra, a maresia que nos refresca por dentro, ou a embriaguês de uma amizade solta, não se vivem aqui...

    (digo eu!...poderás ser diferente).

    aquele abraço,

    The Water Man

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