terça-feira, 29 de abril de 2008

O emergir de recordações


Queria escolher um livro. Fui à biblioteca com o Miguel, um rapaz do Tortozendo, meu colega de universidade. Peguei em Urbano Tavares Rodrigues e José Saramago, mas acabei por trazer «A Lã e a Neve» de Ferreira de Castro, pois o meu companheiro de aulas disse-me: "Este livro fala sobre a Covilhã!" e como, para mim, esta cidade é resultado da fusão entre a cidade suburbana de Lisboa, de onde vim, e a aldeia, na qual passei os meus tempos livres, o que alberga os fins-de-semana e férias fiquei curiosa sobre a real qualidade da narrativa, para além de que não o queria decepcionar.
Confesso que a primeira impressão não foi das melhores, não apenas pelo esforço de leitura que implicava a grossura do volume, mas também porque não era meu hábito ler obras do género, no entanto quando comecei, verifiquei a facilidade que Ferreira de Castro em absorver o leitor na sua escrita. As folhas foram passando para trás de uma forma muito rápido, pois estava fascinada pela realidade descrita e pela semelhança dessa com a do lugar onde os meus avós moram.
As vivências de Ortiga emergiram em cada passagem. Era como se acordasse, em mim, acontecimentos esquecidos no fundo da minha memória. Reconhecia em cada imagem aquele espaço em que me desenvolvi, mexendo na terra, respirando aquele ar puro e recebendo os ensinamentos dessa experiência.
...de lume aceso no Inverno e porta escancarada no Estio. É assim a vida daquela gente que se torna íntima pela relação tão próxima que têm. As casas são quase pegadas, quintal com quintal, os produtos daí provenientes são trocados por outros de outros quintais ou por o que os animais criam. É esta abertura que me espantava, pois, no apartamento em que vivo, a porta tem de estar bem fechada, para que ninguém venha pedir ou tirar sem licença o que não é deles, e no prédio, de manhã, é raro ouvir uns Bons-dias!, com alegria e vagar. Normalmente, ouve-se um Olá! Muito apagado.
Também no Inverno, escutava ...histórias que os pegureiros contavam, ao lume, a encher de terror as noites infindas. Em Ortiga, não são os guardadores de gado, mas sim, os meus avós que relatam os tempos difíceis por que passaram, que animadamente dizem as lengalengas e cantilenas dos antigos, sem esquecer o espaço para a crítica aos mais novos, por esses não pedirem a benção ou outra coisa qualquer.
Á noite, o frio torna-se mais intenso, por isso a necessidade de estar á lareira, como se quisessem guardar o hábito da época em que não havia televisão e aquecedor. Lembro-me das noites que depois dos bailes na Liga Regional de Melhoramentos de Ortiga acabavam e eu, com a minha mãe, esperávamos pelo meu pai no carro; quase chorava pela geada que caía e fazia arrefecer o meu corpo de tal maneira que nem encolhida afastava aquela baixa temperatura. Mas ao chegar á cama a situação não mudava muito, já que os lençóis pareciam gelo e demorava muito tempo até que pudesse esticar os pés e sentir-me totalmente confortável. Era caso para dizer: -Vá uma noitinha para rachar, hem?
Fugindo ao ambiente de suas casas, ao ruído e movimento da filharada, os homens vinham para ali, naquele período de Inverno, jogar a bisca e cavaquear. A ausência de mulheres, de crianças e dos problemas domésticos dava-lhes uma efémera sensação de evasão. Talvez fosse o mesmo motivo e sensação daqueles que procuravam a associação recreativa de Ortiga. Por exemplo, recordo-me das noites de Natal, em que o meu irmão e pai saiam para lá, ficando as mulheres e o meu avô em casa, a fazer filhozes, algo que eu muito gostava. Depois disso, eu e a mãe íamos Ter com eles ao café da Liga. Confesso que era uma altura triste!
Para finalizar, as frases referentes á criação de ovelhas e de cabras, elevou á memória os queijos que a minha avó fazia (apreciados por toda a família) e a coalhada que eu tanto gostava e que substituía as refeições, das quais o prato não me agradava.
Realmente, são nestes cincos aspectos, nos quais está muito patente o Inverno eo frio que faz da Covilhã a Cidade Neve, que se encontram os pontos comuns entre esta e a freguesia onde os meus avós habitam. Contudo, a Covilhã actual torna-se parecida á junção de Ortiga com Póvoa de Santa Iria, local onde tenho residência.
Assim, não poderia deixar de apelar á leitura desta obra, pois ela faz-nos recordar ( E recordar é viver! ), retratando uma época e cidade muito particular, mas também bastante abrangente, não só em termos dos pontos em comum com outras terras, como também, nos dias de hoje, através do seu corpo de estudantes universitários, vindos de todos os pontos do país e de alguns de Espanha, Polónia, Itália e França. Sem dúvida que o livro falava!

Ana Filipa Silva - 1998

sábado, 26 de abril de 2008

Universidade ou outra opção?

Não entrei para a Faculdade. Soube mesmo agora. "Para além de me candidatar à 2ªFase, o que vou fazer?"
Para me acalmar, fui mexer nos recortes de revistas que abundam no meu quarto. Surgiu a ideia de me dedicar ao mundo do espectáculo, ser uma nova Adelaide de Sousa: cheia de alegria e dinamismo que apresenta o seu Jet7 com grande poder de representação, pelo menos, na parte que entra a Dolly. Ou seguir os passos da bonita Lúcia Moniz: cantar raramente, por só existir tempo para as telenovelas.
Gostava de enveredar pela arte, mas onde me hei-de dirigir? Quem nos pode aconselhar a escolher este ou aquele curso? Onde nos indicam as várias escolas e as novidades no campo artístico? Como é que tenho acesso aos workshops que poucas vezes são divulgados a nível geral?
Bem, teremos de ser nós a arriscar e sair queimados, porém não podemos desistir e temos que arriscar de novo para chegarmos onde queremos, muitas vezes, sendo cobaias de vigarices.
Uma pessoa que admiro bastante é Bárbara Guimarães. Isto não é propriamente o Suprise Show, mas adorava estar perto desta magnífica mulher do signo Touro, como eu, que esteve ligada à moda, mundo que aprecio, e ao jornalismo, meio ao qual desejo pertencer futuramente.
O factor sorte deve, como é natural, ter marcado o seu percurso, porém as qualidades pessoais também não lhe faltaram, pois só assim se justifica o vasto leque de experiências profissionais. Mas afinal como é que tudo surgiu?
Se calhar começou naquele dia decisivo!? "Entraste ou não?"

Ana Filipa Silva - 1998

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Solução brilhante para vidas complicadas

Ela: Gostas deste batom amor?
Ele: É o que te fica melhor.
Ela: Quer dizer que todas as outras vezes em que te perguntei se gostavas do batom achaste que estava horrível e não me disseste?

Solução: Um homem casar sempre com duas mulheres. Entre elas discutem as questões estéticas e pedem conselhos de beleza. E ele também não reclama.

É a vida...

Tomei banho às quatro da manhã. Todos foram dormir. Na sala, estão corpos adormecidos que preenchem o espaço, fazendo-me sentir aconchegada, mas, por ser a única acordada, sinto-me só.
Apetece-me sair. Deixá-los aqui e ir ver o pôr-do-sol para a piscina. Não! Iria acordá-los. Fico-me, aqui, sentada na parte da sala que me coube, e olho para o nada, o vazio, o escuro, o infinito.
Vou? Não sou? Estou indecisa! Mas não posso acordá-los. Prefiro ficar.
Levanto-me e espreito pela janela, aquilo que a cortina me deixa ver. Vejo o sol a aparecer devagar. Primeiro, um azul violeta, depois cor-de-laranja e, agora, amarelo.
Hoje, já sei o encanto do pôr-do-sol! Tenho vontade de me libertar, no entanto, não posso interferir com a liberdade dos outros que, depois de momentos de boémia, querem descansar.
Os outros... Têm sempre a ver com a nossa vida. Deixamos de tomar decisões, ou atitudes, por causa do incómodo que podemos causar aos outros. Os outros!!!
Olho para todos os cantos. Mais uma vez, olho os corpos moles que ali permanecem, ressonando. E quase que olho para mim, sentada em cima da grande almofada que é a minha cama.
Pronto! Não adianta... Rendo-me! Tenho que dormir! É a vida...


Ana Filipa Silva - 1997

terça-feira, 22 de abril de 2008

Para vocês



Vão visitar-me aqui - escrevi algo para todos vocês.

São vinte!


Pago a renda da Casa da Morte todas as vezes que tenho apetite. Trezentos e sessenta paus pelos vinte pedaços que se alojam no meu peito. Dinheiro que só tem como positivo o consumo e, logo, capital em circulação, mas só mesmo isso.
Se me perguntarem por que o faço, não sei. Talvez por problemas psicológicos ou, então, por parvoíce. Que engraçado, eu sou a casa do meu organismo e do meu pensamento. E esses alojam pequenos circuitos e elementos menores dentro deles que, por sua vez, têm como habitantes outras pequenas coisas. E eu... vivo na minha casa, onde coabitam outros seres e objectos... a minha casa localiza-se noutra casa, a freguesia onde moro, que se situa num determinado concelho, distrito e província... e, claro, todos juntos, casinha mais casinha, habitamos o mundo, o globo terrestre e o universo e a galáxia...
Mas o que pago é a renda da Casa da Morte. Pedaços de poluição que se aninham nos meus pulmões... Vinte, sãos vinte as balas de cada compartimento da casa. E parece que vai crescendo conforme as necessidades... passa a vivenda, a mansão e o aldeamento... São vinte!

Ana Filipa Silva - 1998

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Pérolas de Sabedoria

Pérolas de Sabedoria

"Vinte cinco coisas que demorei mais de

50 anos para aprender" por Dave Barry

  1. A má qualidade de um filme é proporcional à quantidade de helicópteros que nele aparecem.

  2. Nunca conseguirá encontrar ninguém que lhe poderá dar uma resposta clara e concreta porque devemos respeitar o horário de verão.

  3. Pessoas que sentem a necessidade de lhe dizer que têm um excelente sentido de humor estão a dizer que não têm nenhum sentido de humor.

  4. A mais valiosa função desempenhada pelo governo é a do entretenimento.

  5. Nunca deve dizer nada a uma mulher que remotamente sugira que você pensa que ela está grávida, a não ser que esteja a ver efectivamente um bebé a sair de dentro dela.

  6. Um tostão poupado não serve para nada.

  7. Podem tentar ter todos os debates e conversações sobre paz que queiram, mas nunca haverá paz no Médio Oriente. Daqui a biliões de anos, quando a terra se estiver a dirigir para o sol a alta velocidade e não existir nada vivo no planeta excepto uns pequenos microorganismos, os microorganismos do Médio Oriente serão inimigos dos outros..

  8. A força mais poderosa do universo é o boato.

  9. A coisa que une todos os seres humanos, independentemente da idade, género, religião, estatuto económico, ou origem étnica é, mesmo lá no fundo, que todos acreditam que são condutores acima da média.

  10. Há uma altura onde devemos deixar de esperar que as pessoas façam uma grande festa com o nosso aniversário. Essa idade são os 11.

  11. Há uma linha ténue entre um hobby e uma doença mental.

  12. Pessoas que querem partilhar as suas visões religiosas com os outros quase nunca querem que partilhe as suas com eles.

  13. Parece que existe, algures em Los Angeles, um computador que gera conceitos para séries de televisão. Quando os executivos da TV precisam de um novo conceito, ligam o computador; depois de escolherem entre milhões de possíveis enredos, sai o seguinte, "três esquisitos mas atraentes jovens vivem num apartamento", e os executivos transformam isto numa série. A próxima vez que precisam de uma ideia, o computador cospe o seguinte, "seis esquisitos mas atraentes jovem vivem num apartamento". E a seguir, cospe o seguinte, "quatro esquisitos mas atraentes jovens vivem num apartamento". E por aí adiante. Temos de encontrar este computador e destrui-lo com martelos.

  14. Ninguém é normal.

  15. Pelo menos uma vez por ano, um grupo de cientista ficará muito entusiasmado e anunciará:
    • Que o universo é maior do que pensavam!
    • Que há mais partículas subatómicas do que pensavam!
    • Que tudo o que anunciaram sobre o aquecimento global no ano anterior estava errado.

  16. Se tivéssemos de identificar, numa palavra, a razão pela qual a raça humana nunca atingiu, nem irá atingir, o seu potencial total, essa palavra seria "reuniões".

  17. A maior façanha de quase todos os protestos organizados é o de incomodar as pessoas que não participam neles.

  18. O valor da publicidade é que nos diz exactamente o oposto daquilo que o anunciante pensa. Por exemplo:
    • Se o anunciante diz "Este não é o Oldsmobile do teu pai", o anunciante está desesperadamente preocupado com o facto de que o Oldsmobile dele, tal como todos os outros Oldsmobile, apelarem principalmente a velhos barrigudos como o seu pai.
    • Se a Coca-Cola e a Pepsi despendem biliões de dólares a convencer-te que há diferenças significativas entre estes dois produtos, ambas as companhias percebem que as duas bebidas são quase iguais.
    • Se a publicidade sugere com muita força que o equipamento Nike permite aos atletas conseguir feitos surpreendes, a Nike não quer que percebam que o equipamento desportivo não interfere em nada com os feitos surpreendentes.

  19. Se realmente existe um Deus que criou um universo inteiro em toda a sua glória, e Ele decide enviar uma mensagem à humanidade, Ele não irá usar, na Sua mensagem, uma pessoa na TV por Cabo com um penteado foleiro.

  20. Não deves confundir a tua vida com a tua carreira.

  21. Uma pessoa que seja simpática contigo, mas antipática com o empregado de mesa, não é uma boa pessoa.

  22. Não importa o que aconteça, há sempre alguém que levará isso a sério de mais.

  23. Quando aparecem problemas e as coisas parecem mal, existirá sempre alguém que encontra uma solução e está disponível a comandar essa mudança. Muitas vezes, essa pessoa é louca.

  24. Os teus amigos amam-te de qualquer modo.

  25. Ninguém quer saber se danças bem. Levanta-te e dança.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Family

Dear mother, it has been so long since I have written you.

Sometimes life passes me by without realizing important things like family are what keeps us going.

Hope I have learned this fast enough.

Hope you have been living long enough.

Life is just for the living.

Ringtones - Toques de telemóvel

I am curious to know what ringtones you are using. Please leave comment and post link to ringtones (or message tones).

Estou curioso para saber que toques usam no telemóvel. Por favor deixem comentário e link para os toques de telemóvel (ou de mensagens).

terça-feira, 15 de abril de 2008

As noites de Verão!

Saltámos a parte do muro que estava partida e clandestinamente penetrámos num espaço proibido. Com rebeldia deixámo-nos levar pela noite de estrelas com sabor a Verão.
Entre árvores, mosquitos e outros bichinhos, rebolámos pela alegria de ter, ali ao lado, uma pessoa apetecível, sem resistências de maior.
Os pequenos obstáculos até dão um gosto especial ao jogo de sedução!
Recusei exprimi-lo, mas o meu corpo pedia o dele tanto ou mais do que as suas mãos sobre a minha pele e os sugares amorosos pretendiam revelar.
Pergunto-me... porque é que as raparigas têm sempre dificuldade a assumir os seus anseios e a realizá-los. Mesmo eu, que me chamam de maluca e reconheço que tenho um pouco de louca, sinto demasiadas vezes o peso dos preconceitos e das críticas sociais. Tenho momentos onde rompo com todas as teias que a aranha social teceu, no entanto há outras situações que queria ter maior liberdade psíquica quanto ao possível sermão da sociedade. Gostava de ser como os animais que fazem tudo sem as menores vergonhas!
Desejo correr pelo prado, deitar-me sobre ele e fazer amor com o sol escaldante de uma tarde de Verão, sem dores de consciência, sem pensar nas consequências futuras. Claro que a luz é uma presença, mas raramente a notamos. A luz do saber, da liberdade, do viver como um animal... É pena que hajam animais rafeiros, vagabundos a morrer à fome... E existam animais de estimação que vivem que nem lordes, comendo o que poderia ser distribuído por mais alguns.
Adorava ter a capacidade animal de não me prender à minha presa, mesmo depois dela ser fruto de desejo e satisfação. Simplesmente ignorar a ligação momentânea. Não fazer daquele momento um futuro projectado sob a emoção de estar apaixonado por alguém. Tudo seria tão mais anárquico, mas também saboroso, já que a dor seria substituída por leves pancadas de amor.
Se eu fosse um ser irracional, na minha clandestinidade nocturna, teria deixado o meu corpo guiar-me, sem pôr travão às suas ansiedades. Dentro do espaço limitado por aquele muro certamente as coisas teriam corrido de outra forma. O buraco na parede ganhava um sentido diferente, muito mais tocante do que aquele que tem hoje.
Sim! Ser animal é saltar o muro e navegar pelas ondas dos impulsos. Libertarmo-nos dos nossos medos. Saltaria concerteza outra vez e mais outra e mais aquelas que o meu instinto provocasse...
Será que os animais também têm sonhos tão nítidos, como aqueles que eu sonho?! As imagens que invadem a minha visão dormente estão repletas de energia, de provocações irreais e necessidades satisfeitas da forma mais desejável. Talvez o impulso selvático venha dos sonhos... freudianos.



Ana Filipa Silva - 1998

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Importa-se de repetir?

"Todos nós colaboramos no remate de uma única obra, uns ciente e inteligentemente, outros sem o saberem (...) Mas cada um colabora à sua maneira, mesmo por acréscimo quem critica e tenta contrariar ou destruir o que nele se faz. É que o mundo também tem necessidade desse género de pessoas. Além disso, vê de que lado entendes colocar-te. De qualquer modo, Aquele que governa o universo saberá empregar-te e reservar-te-á um lugar ente os seus colaboradores, mesmo se não estás disposto a colaborar." por Marco Aurélio

Que peso! Que leveza!


Desci as escadas aos tropeções, porque já não tinha forças nas pernas. Pé depois de pé, dor atrás de dor, carinho desejado a seguir de carinho desejado, querer perdoar, como patamar a atingir. Desci ou subi, sem a minha força mecânica. Obrigado, pela ajuda!
Aquilo que me fazia mover abriu a porta de um mundo novo dentro do nosso mundo. Não sei se era Paraíso, se era Inferno. Desci ao Inferno ou ao Paraíso? Indiquem por onde andei! Não sei como me encontrei, aqui. Aqui num sítio sem perigo!
Vi a copa da árvore a dar voltas e mais voltas, dançava e dizia-me:
"Bem vinda!". Sim, cheguei, isto é o Paraíso, presumo!? Bateu algo na cabeça confusa, no olhar não nítido, na certeza já não absoluta... Era a noção orientadora do mal. Ou se calhar, do bem. Que leveza! O que em mim é material, também se tinha tornado espiritual. Agora, era capaz
de flutuar por cima do rio de rochas brutas que são os seres humanos.
Sem ter bem a nitidez das minhas necessidades, quis o líquido que me banhou a testa quando houve alguém que me quis sacrificar a favor de uma religião, por ter fé no encontro de um espaço cósmico melhor.
Eu descobri, oiçam, fiz uma descoberta. Não sei se desci aos Infernos, se subi aos Céus.
No meu campo restrito de visão e audição, ouvia muitas vozes, até conseguia ouvir as perguntas que faziam, tudo por preocupação.
Acalmem-se, nada morreu, tudo renasceu, saiu de mim, talvez mesmo como uma revelação. Neste momento é mais fácil compreender-te!
Eu sei que estavas lá. Tu, que para mim significas o melhor que existe no território dos imortais, mostravas-te como uma coisa não desejada, eras o Diabo que despertava, em mim, a vontade de ser violenta. A ti, continuava a ver-te, claramente, como um Deus. Ouvi as gargalhadas que saíam de vocês. Estavam a ficar apavorados. Não se preocupem, o anjo aproximou-se. Abanaste-me com as tuas arrufadelas de ar fresco pelo caminhar. Ali não havia tempo, não sei quanto tempo demorou. Era tarde, porque já a porta estava fechada.
Houve algo, muito superior, que dizia "Vai pelas tuas próprias pernas". Anda, porque vais chegar lá. Sigam-me. Não fiz o gesto, nem proferi qualquer palavra, mas sentia que o meu poder passava por só pensar, pois as coisas materializavam-se. Depois, quando o papel se
inverteu, senti-me frágil e com necessidade de adormecer, tinha a sensação que se dormisse encontraria um espaço ou situação muito melhor, talvez mais virtual, mais esplendorosa...
Os meus lábios não se moviam, os membros retraíam-se... Apatia total! Deixei de ver pessoas, de ouvir sons, depois da voz do anjo dizer para encostar e descansar. Vocês guiavam-me! Quando tu, meu guia, dizias "Tens de ter forças, de resistir, não podes fechar os teus olhos!", eu ia buscar dentro de mim a garra mais escondida, para conseguir corresponder ao muro forte que sempre fui. O meu mundo já não era o vosso.
No meio disto, tive clarões de maior rigor naquilo que via, ouvia e sentia. Senti que, no Inferno ou Paraíso, tiraram-me a roupa para apanhar o ar que me trazia, muito lentamente, pouco a pouco, ao mundo real, sem sucesso, pois ainda me sinto lá, naquele sítio inatingível...
São sensações tão soberbas que fico extasiada com o ambiente e a potência de uma pequena escada, a seguir à outra. Ainda tenho o teu cheiro. Obrigado por esta iniciação!
Ana Filipa Silva - 1999

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Guerreiro da Luz

por Bernardo Ramirez

Há já uma vida inteira atrás, ou assim parece visto agora do século XXI, estava com outros alunos igualmente malucos a fazer um Intensive Summer Course na Califórnia Americana. Fui para lá num verão, para investir um dinheiro que tinha posto de parte para o Inter Rail, aprender mais sobre meditação, auras, energia e força de vontade.

Nessa altura já era especialista no difícil e os meus professores diziam que nunca tinham conhecido alunos que fizessem tudo parecer tão complicado. E diziam-me não podes entrar assim de rompante no espaço dos outros. (não conheciam os latinos).

Naquela noite fizemos directa, como acontecia algumas vezes, e participámos todos num peddy-paper. Uma das tarefas envolvia ganhar uma espada de plástico branco fluorescente. Disseram-nos que era a arma do Guerreiro da Luz. E eu quis ficar com ela e veio para Portugal comigo.

Ainda nas Américas, algumas semanas depois deste evento, assisti a um batalha onde presenciei a força dos guerreiros da luz. Uma pergunta pretensamente inocente despertou uma batalha entre o medo de um e a luz de outra (ou foi assim que vi). E nesse instantâneo instante percebi que participava dessa batalha silenciosamente e compreendi o que era ser um Guerreiro da Luz.

Desde que voltei nunca mais pensei muito nesse assunto. A espada foi sendo transferida de armário, em arrecadação, em gaveta e mais não sei quê. E eu relembrando-me do meu papel silencioso e adormecido.

Desde que recomecei a aproximar-me da minha alma (e de a receber de braços abertos no meu ser que age) percebi, como jardineiro, como curadeiro e como ser, que era um Guerreiro da Luz. Somos Guerreiros da Luz. Temos na alma a responsabilidade de trazer a nossa luz ao mundo. De iluminar serenamente o que nos rodeia e quem nos rodeia com a luz de um amor fraterno, generoso e abundante.

A semana passada sentou-se alguém ao meu lado que senti-a muito escura. E em vez de ficar aflito, ou incomodado senti do meu coração brotar uma brilhante luz branca que envolveu tudo o que me rodeava. E o resto foi paz. E desde que aceitei ser o que sou que sinto a responsabilidade acrescida de ajudar a iluminar.

Somos Guerreiros da Luz, com espadas fluorescentes de amor e de centramento, que temos a responsabilidade de sermos os melhores que podemos, de amar o nosso hemisfério direito, e de perceber que somos parte de tudo.

Como me lembrou alguém especial: Eu sou um outro tu.

Nota:
Tirei a imagem no site http://www.matrifocus.com/SAM04/rc-art.htm

Clínica Social - Constelações - 12 de Abril

Por favor divulguem:

http://www.bernardoramirez.com/constelacoes/clinica-social-constelacoes-12-de-abril/

Clínica Social de Constelações

12 de Abril

Sábado

14:30 ás 19:30

Espaço Psi

terça-feira, 8 de abril de 2008

Derrame de Consciência

Para todos aqueles que querem perceber mais sobre si mesmos não podem deixar de ir aqui http://www.bernardoramirez.com/constelacoes/derrame-de-consciencia/

Todos deviam ver este vídeo e ler a transcrição.

Não vos poderia dar um melhor conselho que este.

gratidão

O regresso ao trabalho provocou em mim um turbilhão de sensações... sendo a gratidão a maior de todas elas, pois não é comum contratar-se uma barriguita de quase 6 meses com tanta generosidade. Senti que o meu coração ficou mais brando com esta porta que se abriu de par em par.

Ultimamente dava comigo a questionar muita coisa, com tantos altos e baixos que por vezes quase me afogava em pensamentos... "é normal", dizia-me um amigo, "estás cheia de água dentro de ti". Mas mesmo assim havia uma inquietação que teimava em ficar. De repente, esta luz que invadiu os meus dias, iluminou recantos do meu coração e da minha alma, que estavam mesmo a precisar de algo nutritivo. Reacendeu-se algo em mim e ganhei coragem e alento para continuar esta parte da minha missão.

Regressei ao meu trabalho com genuíno intuito de tirar para mim uma parcela daquilo que dou aos outros. É que se nos esquecemos disso, acabamos por ficar estafados e tudo deixa de fazer sentido, quando dantes era 'aquilo mesmo'. É importante não nos esquecermos de quem somos, mesmo quando temos a sorte de fazer aquilo que mais gostamos.

Entretanto fiquei aqui sozinha, chove lá fora e eu tive vontade de vos falar...

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Amor Abundante

por Bernardo Ramirez (Jardineiro e Curadeiro)


Sou estruturalmente solitário. Há um bichinho solitário que se passeia dentro de mim. Nos meus melhores dias ele está tão enterrado que nem sinto que ele existe. Nos piores ele andam tão à flor da pele que não sinto outra coisa.

Já aprendi que este sentimento é mais ou menos imune ao que acontece no mundo exterior. Objectivamente há muito amor à minha volta, mas tantas e tantas vezes ele não entra. Tipo porta fechada. Trancas na porta.

Esta semana foi a excepção. O meu dia de anos (1 de Abril só para os mais distraídos) foi maravilhoso. E a festa de aniversário que se seguiu ainda melhor.

No meu dia os telefones, emails e pombos correios não pararam de me bater à porta do coração. "Parabéns Bernardo". E eu ficava mais cheio um bocadinho. Tanta gente. Mesmo os que não tive ainda o prazer de conviver pessoalmente se lembraram de mim. Sinte-me abundantemente amado.

E na minha festa de anos - e na noite anterior com umas visitas meio surpresa, e nuns jantares de houve pelo meio - foi ainda a perfeita continuação desse sentimento. As pessoas passaram e ficaram todas por lá. A dialogar com alegria e com serenidade. Amigos velhos, amigos novos. Presentes novos (duas máquinas de pão [não há fome que não dê em fartura], máquina de cortar o cabelo, cheques Fnac, livros, filmes). Tudo sem nada em excesso e com muito prazer.

Não podia ter sido melhor. E esse bicho solitário quase morreu.

Sei que este é um prenúncio de muita alegria, de um ano cheio de vida, de novidades, de amor, de crescimento e queria agradecer-vos a todos. De coração escancarado. Por todo o amor que me oferecem, todos os dias. Mesmo quando teimo em não ver. Sei que estão aí. Honro e retribuo esse amor.

Obrigado

sexta-feira, 4 de abril de 2008

O Poder dos Sexos

Estava aquela aragem que restitui o bom ar aos pulmões. Ela descia a rampa sozinha, ia até lá abaixo à festa... a de Verão.
Sentia-se bem com ela própria. Notava-se no seu andar forte de tão leve que era.
A rampa era rodeada de noite; escuro. Os arbustos eram negros, nem se via os seus contornos. Dois panos pretos de um lado e de outro. No entanto, o ambiente daquela caminhada mostrava-se-lhe claro, branco de luz.

Era jovem e alegre. Ainda virgem; e a elas permitesse toda a leveza. Desejavam-na. Ela sabia-o. Namoriscava com bem queria e, assim, se divertia e gostava do poder que tinha. Era realmente uma época diferente na sua vida. Não tinha sido feliz na infância, agora era como uma espécie de vingança.
Não demorou tempo a que se prendesse a um rapaz mais velho e muito, mas mesmo muito, mais vivido do que ela. Considerava-o como sendo o seu primeiro amor. Pelo menos, foi o primeiro a possui-la.
Ele insistia várias vezes para que ela tivesse relações sexuais, no entanto a rapariga sabia que era cedo, achava que não era altura de se entregar. Não se entregou por bem... foi por mal.
Estendeu-a sobre o seu casaco e retirou-lhe a roupa bruscamente, enfiou o seu pénis erecto - de tanto desejo - e pediu que tivesse paciência. Ela, debaixo de um corpo ao qual pedia para que saísse dali, sentia dores tremendas, julgo que iria morrer de tanto sofrimento. Batia-lhe nas costas e gritava: “Sai! Sai!”, mas já era tarde e ele não saía. O sangue sujou as suas cuecas e calças. Agora, era o medo que a penetrava. As palavras que ele lhe disse a seguir ainda a fizeram sentir-se pior.
Arranjou maneira de entrar em casa sem ninguém se aperceber do que havia sucedido. Conseguiu. Mas antes não tivesse, pois assim alguém teria feito justiça, aquela que ela temia ser feita por seu pai, cujo temperamento era forte. Para proteger os outros, esqueceu-se de si. Nesse momento, para além do medo que a família soubesse, tinha o da humilhação que passaria quando ele começasse a vanglorizar-se do seu acto.

Quando chegou à festa, já havia muitas pessoas no recinto. Alguém pediu-lhe para dançar, o que aceitou. Dançou, riu... Até que um dia chorou, pois o seu poder acabou.

Ana Filipa Silva - algures no tempo

terça-feira, 1 de abril de 2008

Que amor!


Tenho tantas saudades tuas... Para mim, é mesmo amor. Não tenho vergonha de o escrever e sentir, porque amar é um dom que poucos favorecem, mas que todos têm.
Tu, que passaste por tanto na vida, és fonte de alegria, para aqueles que te rodeiam e conseguem descobrir em ti essa qualidade.
Aparentas o que és. Obrigado, por me mostrares o teu interior. Assim, e mais uma vez, tenho a certeza que não posso julgar as pessoas pela aparência.
Amo-te, muito! Foste a melhor parte do meu Verão que se avizinhava triste e se tornou num esplendoroso Verão. Umas férias que não vou esquecer.
Aquele conhecimento imediato e aparentório, a cumplicidade dos nossos pequenos pecados e grandes brincadeiras. Tudo fez de ti, a minha melhor recompensa. Ainda bem que não fui para a Zambujeira com a Ana Rita e companhia e não fui ao Festival com a Liliana, como estava previsto, pois, agora, não tinha o privilégio de sorrir ao ouvir a tua voz.
Sim! És muito importante, para mim e, concerteza, para esse ser que chamas de namorado. Espero que a palavra namoro, contenha amizade, confiança e respeito.
Não! Não vou apagar da minha memória aquela lágrima que correu pelo teu rosto e tudo o que podias ter dito e não dissemos. Sei que ainda tens muitos segredos, dos quais quero ser cofre.
Ainda bem que és pura, como és, e que não seguiste as minhas ideias malucas, em relação a dar mais vida à tua relação com o Filipe. Ainda bem que és, como és.
Sim! Amo-te!
Não! Não te esqueço!

Ana Filipa Silva - 09.12.1997 22h48m

Hoje é dia de anos, sexta é dia de festa

Para quem gosta de mim e gosta de festa - sexta-feira - after - dinner - chez - Ramirez.