quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

A descoberta da expressão da vontade

Durante muitos anos na minha vida acreditei seriamente que era falta de educação e abuso expressar a minha vontade. Quando me perguntavam o que queria, se preferia isto ou aquilo, se gostava ou não, tinha sempre a tendência para dizer: "tanto faz", ou "o que acharem melhor", etc.

E ainda mais, recusava sempre os presentes que me tentavam dar. A minha avó tinha-me ensinado que era falta de educação e que devíamos sempre recusar o que nos oferecem por humildade e modéstia.

Agora um pouco mais velho, mas não muito, encontro-me com pessoas que fazem o mesmo. Perguntamos o que querem, o que preferem, e por uma razão profunda que é a deles (como a minha era a minha) não são capazes de o expressar.

Escolhem por isso tantas vezes refugiar-se num sentido de neutralidade que na realidade não existe.

Depois, quando alguém decide por eles, e faz a escolha, acabam por sentir sempre que aquela escolha não expressa a sua vontade. E de alguma forma tenta encontrar formas de introduzir algo na conversação que deixa claro a insatisfação pela escolha que foi feita.

"Ah, aí se calhar é caro." ou "A comida não deve prestar." ou "Ouvi dizer que esse filme é mau." ou "Na praia deve tar frio." tudo sempre terminado com um "Mas vocês/tu é que sabem/sabes."

Esta ilusão de neutralidade acaba sempre por apenas prejudicar a própria pessoa, não porque seja importante o resultado (afinal de contas é apenas um processo negocial), mas porque temos o direito e o dever de expressar a nossa vontade.

Mesmo que com isso se gere conflito, ou a decisão se torne mais difícil.

Há alguns anos, nos Açores de férias, éramos cerca de 16 pessoas a decidir todos os dias o que fazer, o que comer, para onde ir, etc. E apesar de, ás vezes, passarmos uma hora para decidir, e de uns ficarem mais contentes e outros menos, o processo era verdadeiramente democrático e consensual. Tínhamos de encontrar uma solução comum.

Hoje tenho a certeza que a descoberta da expressão da vontade é uma conquista poderosa e pertinente, não do sucesso da vontade própria, mas da liberdade da expressão. Porque a expressão forma a nossa identidade, forma o nosso respeito, define-nos como seres vivos e sociais.

Mesmo que a expressão seja tantas vezes um não sei o que quero, mas sei o que não quero. Essa expressão torna tudo mais claro, e fortalece as relações. Na verdade encontramos sempre o respeito.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Breve sobre signos

Urbi et Orbi (EP) album coverImage via WikipediaPara saberem:

Dizer que nós somos carneiros porque somos apressados, ou metemos a carroça à frente dos bois é o mesmo que dizer...

Touro: são teimosos que nem mulas;

Gémeos: passam a vida a meter-se onde não são chamados;

Caranguejo: que mariquinhas, não se lhes pode dizer nada;

Leão: tem a mania que são os maiores do mundo;

Virgem: querem sempre tudo organizado e com sentido;

Balança: não conseguem decidir nada sem ajuda;

Escorpião: têm super mau feitio;

Sagitários: tão sempre com a cabeça na lua;

Capricórnios: tem que ser sempre tudo como acham melhor;

Aquários: tem sempre umas ideias meio loucas;

Peixes: vejam lá se decidem o que querem fazer.


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segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Conduzir

Eu sou uma cabeça em constante agitação. Constante, constante...!? Não será bem assim, pois por vezes tenho uns piques e uns declives na actividade cerebral. Mas o que eu queria dizer é que sou uma Idiota. Ou seja, tenho sempre muitas ideias e penso muito.
Num desses meus momentos - não únicos, porque são normais e frequentes, olhei para o tráfego e pensei que conduzir, andar na estrada, é um jogo de confiança e normalmente os inseguros e, por vezes, os excessivamente seguros (talvez por no íntimo serem inseguros! LOL) são os perturbadores do jogo. E quem sabe se perdem, ficando pelo caminho!?
Ora, é preciso ter confiança de que o vizinho do lado não se vai lembrar de ir para a nossa faixa connosco lá e que o de trás vai travar quando nós travarmos e que os do outro lado do cruzamento vão parar ao sinal vermelho e dar-nos passagem. É um jogo de confiança em relação aos outros...
... e também em relação a nós próprios. É preciso confiar nas nossas capacidades quando ultrapassamos outros carros, quando fazemos o ponto de embraiagem, quando estamos a estacionar com a pressão dos outros a querem passar e em tantas outras situações.
E é neste jogo de confiança que podemos ver o nosso Estado Emocional do dia. Existem dias que eu dou passagem a quase todas as pessoas e outros que eu digo cá para mim "Agora, sou eu. Fica aí onde estás!" Existem dias em que eu gozo com este ou com aquele e até o mando para um sítio. E existem outros dias que eu estou tranquila e pacífica e que danço, canto e divirto-me a conduzir.
Qual a diferença de uns dias para os outros? O jogo continua a ser o mesmo, eu é que mudei. Claro, está é o meu Estado Emocional.
Como conduziste hoje?