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Agora, não sinto mais prazer em ver ali a minha imagem estampada. As ancas estão largas, o cabelo sem vida, a pele estragada e não correspondo ao que antes idealizei.
Talvez isto seja fruto da idade, pois lembro-me das fugas que a minha mãe fazia e ainda faz às fotografias. É que naquela folha fina de papel fotográfico mostramo-nos a nós mesmos e, então, descobrimos que o espelho engana.
Alegria?! Tenho-a quando a Joaninha me beija sem eu lhe pedir. Bate-me uma emoção forte nos momentos em que partilho o meu tempo com ela. É tão bom ouvi-la gritar o meu nome. Aí, sinto realmente alegria.
A ela já eu gosto de ver nas fotos. Umas dão-nos a conhecer o seu lado de reguila, outras a sua ternura e outras mostrando outros lados da sua pessoa.
Se calhar, quando ela chegar à minha idade, talvez já não goste de fotografias e também tenha mais alegria em gravar na sua mente todos os momentos vividos.
As alegrias são efémeras. A memória pode guardá-las e a vivência desfigurá-las.
Texto de 1999
Acho que é uma aprendizagem aceitar o crescimento e ver como mudamos e nos transformamos. Por vezes um difícil. O corpo tem vontade própria, desejos próprios, energia própria.
ResponderEliminarMas essa também é a magia da vida.