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Como em tudo na vida, aprendemos a nos amar. Eu a respeitar o teu desejo de liberdade. Tu a respeitares as mil pessoas que passavam lá por casa.
Ainda hoje no bairro me perguntam por ti. Foste o cão mais simpático que alguém podia ter. Na escola perto de casa todas as crianças gostavam de ti. E era com orgulho que te passeavas com um "GREVE" escrito no teu lombo nos dias das manifestações.
Depois quando a mãe decidiu por o nosso número de casa na tua trela era telefonemas todos os dias. Cheios de pena de ti. Sem perceberem bem que eras livre. Que não precisavas que tomassem conta de ti. Que para lá dos teus donos tinhas uma vida que era tua.
Os vizinhos, por vezes, traziam-te a casa e era com resultância que te recolhias. O que gostavas era da liberdade. Tal cão, tal dono?
Querias-me tanto que por vezes não sabia o que fazer. E querias-me tanto por perto que me atrapalhava. Mas eras o meu amigo incondicional, o meu companheiro, o meu irmão...
Estavas sempre lá, e eu estive sempre contigo. Daquela vez que quase morreste envenenado. Quando ficaste doente.
Tenho saudades tuas Buba. Foste o começo do meu crescimento, da minha vida adulta e das minhas responsabilidades.
E nunca te tinha agradecido. E nunca te tinha escrito. E nunca te tinha dito como me aquecias: os pés, o colo, o coração.
És o maior!!!
PS: A foto não é do Buba, mas é quase. Naquela altura não existiam fotos digitais. Mas assim que tiver uma foto dele mudo esta que está aqui.