... diz-nos David Mourão Ferreira.
Acho a frase forte e cheia de sentido. E hoje, no começo deste merecido descanso, achei que a devia partilhar convosco. Podemos analisá-la de muitas formas, mas para mim destaca-se em duas dimensões fundamentais.
Acho que os verdadeiros amores vivem-se, não se sonham, ou não se relembram com nostalgia. São momentos plenos e completos, em que vivemos da melhor forma que sabemos e conseguimos. São momentos onde nos sentimos completos, complementados, concordantes e construtivos.
Por isso são amor sem história, mas infinitamente presentes. São o agora do amor.
A outra possibilidade é pensarmos nas relações que passaram, no que recordamos delas, e feliz ou infelizmente, tendemos a construir uma narrativa das nossas relações que não correram bem, tentamos montar, adaptar, estruturar sentimentos que não resolvemos, que não entendemos, que nos foram dolorosos.
Num amor feliz, não há memórias assim, sou a doce lembrança das aventuras e dos momentos em comum.
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Já agora só mais uma nota sobre a memória. Um cientista que analisava crianças com memórias de passados violentos e de abusos concluíu duas coisas muito interessantes: Primeira, que quando mais falamos sobre o que nos aconteceu, mais alteramos e adaptamos e modificamos a nossa experiência vivida; a segunda, que na realidade, só cerca de 10% das nossas memórias correspondem ao que objectivamente aconteceu, o resto é uma colagem fantasiosa da nossa cabeça.
Não sei de memórias. Sei daquilo que vou sentindo e me faz ser maior, do "Agora".
ResponderEliminarE por isso sei que "O meu Amor existe"
"O meu amor tem lábios de silêncio
E mãos de bailarina
E voa como o vento
E abraça-me onde a solidão termina
O meu amor tem trinta mil cavalos
A galopar no peito
E um sorriso só dela
Que nasce quando a seu lado eu me deito
O meu amor ensinou-me a chegar
Sedento de ternura
Sarou as minhas feridas
E pôs-me a salvo para além da loucura.
O meu amor ensinou-me a partir
Nalguma noite triste
Mas antes, ensinou-me
A não esquecer que o meu amor existe."
Jorge Palma, "Só"
Gosto muito do Jorge. Acho-o muito inspirado. E na verdade também essa música foi símbolo de uma relação de há muito. Há coisas que melhor se dizem a cantar.
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