quarta-feira, 28 de setembro de 2005

Proposta para os jornalistas

Caros colegas, não propriamente de profissão, e se calhar nem de formação, mas como agora está na moda, caros colegas.

Ando bastante desanimado com a qualidade do jornalismo a que assistimos quotidianamente. Não quero apontar dedos, nem dizer que é tudo mau. Mas quem lê, vê e ouve, sabe que a qualidade não anda propriamente a dominar os meios de comunicação social portugueses.

Depois de alguma reflexão venho fazer-vos duas propostas de trabalho específicas que acredito possam solucionar parcialmente o problema.

Primeiro: Com tanto “diz que disse”, “aldrabão é o senhor”, “isso não é verdade” e outras afirmações que tais, acho que seria interessante tentar esclarecer algumas das questões. Apesar de o ser-se jornalista não ser semelhante a ser-se uma força de autoridade e/ou judicial, seria muito interessante tentar chegar a alguns esclarecimentos.

Quando um político diz: “Tenho aqui um documento que prova...” que alguém se desse ao trabalho de olhar para o documento, e confirmar, ao máximo das suas capacidades, a veracidade do que está lá escrito.

Porque nós, do lado de cá, ou acreditamos ou não, avaliar a veracidade não conseguimos. (Por isso talvez, nestes dias de pós catástrofes várias, valha mais o que parece do que o que é.)

Agora imaginem um debate, em que um diz “sim” e o outro diz “não”, o moderador dissesse “segundo a investigação que desenvolvemos temos de afirmar que o Dr. XXX está correcto no ponto x e o Dr. YYY no ponto y.”

Claro que isso implicaria uma responsabilidade acrescida aos meios de comunicação. Bem mais difícil do que dar tempo de antena a pessoas sensacionalistas e pouco sérias. Claro que aí os jornalistas teriam de defender as suas posições de forma séria e fundamentada. Mas estou certo que o público apreciaria.

Segundo: A outra ideia também poderia revolucionar os meios, até criar novas fontes de informação, que julgo, seriam inovadoras a nível mundial. Criar o Observatório das Promessas.

Todos os dias existiria uma equipa que, do que surgia nos documentos oficiais, ou nos discursos públicos, recolhia apenas os compromissos e as promessas. Depois sempre que a promessa tivesse na data, nas quantidades ou medidas certas, fariam uma validação da concretização da mesma.

Exemplo: “Prometo arranjar as casas todas deste bairro até ao final do mandato!”

Depois era só esperar pelo fim do mandato, saber quantas casas existiam, quantas tinham sido arranjadas, e destas quanto efectivamente satisfariam os moradores.

Isto tinha dois efeitos fabulosos, em primeiro lugar, as figuras públicas teriam de pensar bem antes de começar a fazer afirmações a torto e a direito. Em segundo, as pessoas consumiriam com regularidade esses meios de comunicação para se informarem do quoficiente de aldrabice e exagero de cada figura pública.

Que tal?

1 comentário:

  1. O teu post ronda a ingenuidade, no meu ver ingénuo dos 26 anos.
    Jã não há jornalismo.
    Há empresas de comunicação social.
    E tu sabes bem o que é uma empresa ;)
    Tem de dar lucro. Através de várias coisas, nomeadamente, da imagem que vendem.
    Caga na mensagem.
    Vale tudo para ir a correr ao quiosque da rua comprar a capa que "ferve".
    E assim se compete. Com o jornal do lado, o telejornal do outro canal, a rádio da outra frequência.
    O que conta é a conta.
    Bancária!

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