terça-feira, 28 de fevereiro de 2006

Metro de Lisboa


Ultimamente tenho voltado a usufruir deste meio de transporte tão recorrente na vida de grande parte dos lisboetas. Confesso que o carro, como veículo particular, tem muitas comodidades, mas o Metro tem outras funções. Preenche uma lacuna que quem viaja de carro não consegue preencher: participar da vida social, do dia-a-dia, dos lisboetas.
O Metro acaba por ser a metáfora perfeita da sociedade em que vivemos. Do nosso tempo.
Por fora, passa muito depressa, sempre a correr, sempre a apitar para aqui, a apitar para ali. E mais e mais depressa, sempre a correr. E a música? Mas sempre a transitar entre estações, mais ou menos bonitas, e outros túneis bem negros e sujos.
Mas por dentro, limpo e cristalizado. Parado. Cheio de partes desconexas, a habitar um espaço cuidado esteticamente. Parados. Fisicamente?
É tão enorme contracenso. Mas não incomum. A pressa, a paralisia.
E até parece que as pessoas com que me cruzo, são as mesmas de há tanto tempo atrás, quando ainda nem tinha carta.
Até encontrei lá o rapaz do acordeão e do cãozinho, que costumava morar perto da Universidade Católica e que julguei, vejam a ingenuidade, que ou tinha sido comido pelo cãozinho ou estaria em qualquer estabelecimento para pessoas que usam cães e criancinhas para obter rendimentos adicionais.
Afinal estava no metro. Sempre com tanta pressa. Ele, os cegos, as Ucranianas part-time, com crianças full-time. Mas sempre parados, sempre tão distantes, por estarmos presos naquele espaço esteticamente desenhado para tranquilizar.
“Já falta pouco… Amanhã é outra correria.”
E se fosse ao contrário?
Se o Metro parasse, e fossemos nós a nos mexer? A ir em direcção uns aos outros?
Não chegará de música de elevador (ou neste caso metro)? Não?

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