sexta-feira, 30 de setembro de 2005

Joaozinha's Special

DANÇAR NA CORDA BAMBA
Letra: Carlos Tê

A vida é como uma corda
De tristeza e alegria
Que saltamos a correr
Pé em baixo, pé em cima
Até morrer
Não convém esticá-la
Nem que fique muito solta
Bamba é a conta certa
Como dança de ida e volta
Que mantém a via aberta
Dançar na corda bamba
Não é techno, não é samba
É a dança do ter e não ter
É a dança da Corda Bamba
Salta agora pelo amor
Ele dá o paladar
Mesmo que a tua sorte
Seja a de um perdedor
Nunca deixes de saltar
Se saltares muito alto
Não tenhas medo de cair (baby)
De ficar infeliz
Feliz a cem por cento
Só mesmo um pateta feliz
Dançar na Corda Bamba
Não é techno, não é samba
É a dança do ter e não ter
É a dança da Corda Bamba

Pedido da Criança Dentro de Nós

Fui contactado por variadas crianças interiores de diversas pessoas. Estas pedem para não as matarem, nem por desleixo, nem por omissão, nem com intenção propositada.

Dizem que fazem muita falta ao nosso ser, e eu concordo com elas.

Fim do(a) B.LEZA ?!?! - Repórter "Quase" Sempre em Pé


Segundo fontes jornalísticas bem colocadas nos meios culturais (tipo ao colo e assim) está previsto o fim do B.Leza. Segundo soubemos a Casa Pia de Lisboa quer o espaço de volta.

[a Casa Pia anda a abusar... anda, anda... se calhar não lhe chegam os sarilhos em que já estão]

Quem nunca dançou um "cu duro", quem nunca se sentou naqueles corredores estreitos, sentou-se nas mesas pequenas ou apreciou uma cerveja gelada? Quem é que nunca convidou uma desconhecida para um "funána"?

Independentemente das razões aquele espaço é único. Carrega consigo uma identidade luso-africana que não se encontra em muitos lugares. É um dos pontos de síntese entre essas duas culturas irmãs.

Não podemos deixar que isto continue assim, que silenciosamente alterem os nossos espaços. Vamos revoltarmo-nos!!! Vamos dizer sim ao B. Leza!!!

Todos os que querem continuar a lá ir digam SIMMMMMMMMMMMMMM

PS: Para todos os que queiram ou não. Se carregarem no pequeno envelope a baixo do artigo podem enviar para todos os vossos amigos este grito de revolta!!!

quinta-feira, 29 de setembro de 2005

Desenrascanço

A palavra "saudade" não é a única a não ter TRADUÇÃO noutras línguas...
Ora leiam o que se diz do nosso "Desenrascanço":
From : Wikipedia, the free encyclopedia
Desenrascanço (impossible translation into English): is a Portuguese word used to describe the capacity to improvise in the most extraordinary situations possible, against all odds, resulting in a hypothetical good-enough solution.
Portuguese people believe it to be one of the most valued virtues of theirs.


Obrigado pelo email RG. Não sei quem é o autor, mas agradeço...

quarta-feira, 28 de setembro de 2005

Proposta para os jornalistas

Caros colegas, não propriamente de profissão, e se calhar nem de formação, mas como agora está na moda, caros colegas.

Ando bastante desanimado com a qualidade do jornalismo a que assistimos quotidianamente. Não quero apontar dedos, nem dizer que é tudo mau. Mas quem lê, vê e ouve, sabe que a qualidade não anda propriamente a dominar os meios de comunicação social portugueses.

Depois de alguma reflexão venho fazer-vos duas propostas de trabalho específicas que acredito possam solucionar parcialmente o problema.

Primeiro: Com tanto “diz que disse”, “aldrabão é o senhor”, “isso não é verdade” e outras afirmações que tais, acho que seria interessante tentar esclarecer algumas das questões. Apesar de o ser-se jornalista não ser semelhante a ser-se uma força de autoridade e/ou judicial, seria muito interessante tentar chegar a alguns esclarecimentos.

Quando um político diz: “Tenho aqui um documento que prova...” que alguém se desse ao trabalho de olhar para o documento, e confirmar, ao máximo das suas capacidades, a veracidade do que está lá escrito.

Porque nós, do lado de cá, ou acreditamos ou não, avaliar a veracidade não conseguimos. (Por isso talvez, nestes dias de pós catástrofes várias, valha mais o que parece do que o que é.)

Agora imaginem um debate, em que um diz “sim” e o outro diz “não”, o moderador dissesse “segundo a investigação que desenvolvemos temos de afirmar que o Dr. XXX está correcto no ponto x e o Dr. YYY no ponto y.”

Claro que isso implicaria uma responsabilidade acrescida aos meios de comunicação. Bem mais difícil do que dar tempo de antena a pessoas sensacionalistas e pouco sérias. Claro que aí os jornalistas teriam de defender as suas posições de forma séria e fundamentada. Mas estou certo que o público apreciaria.

Segundo: A outra ideia também poderia revolucionar os meios, até criar novas fontes de informação, que julgo, seriam inovadoras a nível mundial. Criar o Observatório das Promessas.

Todos os dias existiria uma equipa que, do que surgia nos documentos oficiais, ou nos discursos públicos, recolhia apenas os compromissos e as promessas. Depois sempre que a promessa tivesse na data, nas quantidades ou medidas certas, fariam uma validação da concretização da mesma.

Exemplo: “Prometo arranjar as casas todas deste bairro até ao final do mandato!”

Depois era só esperar pelo fim do mandato, saber quantas casas existiam, quantas tinham sido arranjadas, e destas quanto efectivamente satisfariam os moradores.

Isto tinha dois efeitos fabulosos, em primeiro lugar, as figuras públicas teriam de pensar bem antes de começar a fazer afirmações a torto e a direito. Em segundo, as pessoas consumiriam com regularidade esses meios de comunicação para se informarem do quoficiente de aldrabice e exagero de cada figura pública.

Que tal?

Sobre Comentários

Opiniões variadas, controversas, bem dispostas e abundantes procuram-se!

terça-feira, 27 de setembro de 2005

Ser e Parecer

Há que fazer para parecer,
mas parecer também ajuda a fazer...

E será que tentar saber é muito diferente de se parecer que se sabe?

segunda-feira, 26 de setembro de 2005

"Eu sou de ninguém"

"Eu sou de todo o mundo
E todo o mundo é meu também"

(Arnaldo Antunes, Carlinhos Brown e Marisa Monte - TRIBALISTAS - 2002)

Alegria e Amor - 2x2

Ai que bom!

"É Preciso Ter Calma"

A comodidade é boa, mas a coragem é melhor.
A vida que se conquista é boa, mas o futuro é melhor.
Ter calma é bom, mas não se deixar abater é melhor.

Ode aos Amigos

A questão associada a quem são os nossos verdadeiros amigos é uma dúvida comum a todos os seres humanos. No período da adolescência, ou da pré-adolescência, essa questão tem uma dimensão maior. "Este é o meu melhor amigo", "Aquela é uma grande amiga"; sentimos a necessidade de arrumar e organizar os nossos sentimentos, definir uma ordem de prioridades.

Agora, um pouco mais velhos as questões são outras. Lembro-me bem de um cartoon que dizia: "Um amigo pode não ser capaz de te puxar para cima, mas faz tudo para não te deixar cair." Hoje já não sei bem se assim é.

Sinto no coração que ajudar a não cair poderá não ser a solução melhor. Até porque a maioria de nós só aprende quando bate com a cabeça, e se não deixamos isso acontecer, então não deixamos as pessoas crescerem. Claro que esta regra não é infalível. Aliás, na vida não há regras, há experiências.

Apesar disso tenho uma certeza, numa verdadeira amizade não há tempo. Pode ser amanhã ou daqui a mil anos, quando nos voltamos a encontrar sentimos o mesmo, a mesma proximidade, o mesmo calor no coração.

No entanto, acho que nos nossos dias as amizades são postas à prova de modo diferente. Achamos que os amigos têm de nos apoiar, e tem de nos entender, que nos dar bons conselhos e nunca nos deixar "pendurados". Se tivesse que definir as coisas diria que o amigo é aquele que mesmo quando não concorda, não apoia, não entende, recebe-nos sempre com um sorriso aberto. Sem culpas nem recriminações.

Ser amigo hoje é um luxo! Podemos conhecer muitas pessoas, relacionarmo-nos com grande parte do mundo que nos rodeia, até sermos muito compatíveis em termos de trabalho, de lazer, de desporto, ou qualquer outra coisa. Mas isso não define uma verdadeira amizade. Se tivermos seriamente que olhar para dentro, vamos perceber que os amigos, mesmo amigos, não são muitos. Mas também não vos sei dizer se isso será assim tão importante.

Procuramos validação, grande parte de nós precisa desse carinho, da concordância e do apoio, mas isso não define uma verdadeira amizade.

Uma amizade é outra coisa (em minha opinião claro) menos nítida, mas mais forte. Uma sintonia profunda.

Gosto dos meus amigos, mas quero aprender a não precisar deles. Apreciar as relações, as trocas e o respeito, mas acima de tudo não precisar. Essa necessidade que temos, ou que achamos que temos, não nos inunda, e não é sincera.

Amigos são os que dão, amigos são os que recebem, amigos são os que estão sempre aqui. Aqui no coração. A sorrir.

Gosto dos meus amigos...

Às Vezes Sinto-me Assim


Finalmente consegui...
A foto apareceu num email de TS com autoria desconhecida. Pede-se perdão ao autor.

quinta-feira, 22 de setembro de 2005

quarta-feira, 21 de setembro de 2005

Morada

Cara Dr.ª Fátima Felgueiras;

Agradecia que me informasse para onde quer que lhe envie a carta, se para sua casa, se para a prisão de Felgueiras, ou se para outro lugar qualquer no Brasil ou arredores.

Carta Meio Aberta a Fátima Felgueiras

Exma. Sr.ª Dr.ª Fátima Felgueiras;

Escrevo-lhe esta carta para a informar das reflexões que me foram suscitadas com o seu retorno ao nosso país.

Não quero deixar de enumerar as razões que sua excelência invocou para não ser presa preventivamente.

Em primeiro lugar, segundo notícia no Público: "invocou a imunidade a que têm direito os candidatos às eleições para evitar a sua prisão preventiva."

a. Como já tive oportunidade de expor, sou da opinião que qualquer pessoa que esteja indiciada da prática de crime, não deveria ter oportunidade de se candidatar a nenhum cargo público, pelo menos até ser provada a sua inocência.

b. Ainda mais se o crime inclui o desvio de fundos de uma câmara municipal.

c. Ainda mais se a câmara a que se candidata é a mesma câmara que faz parte do processo crime.

Interregno jocoso: acho extraordinário o seu timming!!! Antes de ser indiciada da prática do crime vai de “férias” para o Brasil. Agora, um mês antes das eleições retorna a Portugal. Que sentido de oportunidade! Que timming!!!

Em segundo lugar, como nos volta a informar o Público: "No documento a ex-autarca argumenta que já não existem as três razões invocadas pela Relação para impor aquela medida: o perigo de perturbação do inquérito, o de continuação da alegada actividade criminosa na Câmara e o de fuga. No primeiro caso, lembra que o inquérito está terminado, pelo que não pode nele intervir; no segundo, assinala que já não governa os destinos da Câmara, dado ter renunciado ao mandato; e no terceiro usará o argumento de que regressou voluntariamente do Brasil para "provar a sua inocência" em tribunal."

a. Em relação à perturbação ao inquérito, concordo consigo Dr.ª, já não se pode perturbar o inquérito. Tudo o que havia para perturbar já estava perturbado, quando, no decorrer da investigação, estava de "férias" no Brasil, sem nenhuma vontade de voltar.

b. Actividade criminosa na Câmara já discordo Dr.ª. Se realmente se confirmar que continuou a receber salários durante a sua estadia no estrangeiro, mesmo que por tempo limitado, parece-me que se pode considerar um crime. Não faz o trabalho, está de "férias" e ainda recebe??? Mais criminoso acho difícil.

c. Perigo de fuga?!?!?!? Acho que a Dr.ª conseguiu demonstrar, pela prática, a razão das argumentações apresentadas. Sim, agora durante a campanha até pode não fugir, mas e depois? Se não ganhar a câmara? Se não for ilibada??? Que garantias temos nós???

Interregno jocoso: Encontrou a solução perfeita para o nosso sistema judicial, ainda mais porque simplificará processos e reduzirá em muito o tempo despendido em investigações. Quando alguém for indiciado da prática de crime, bastará apenas sair do país para demonstrar a sua inocência. Imediatamente o processo será encerrado e o cidadão poderá retornar assim que quiser para continuar com a sua vida do quotidiano.

Cara Dr.ª Fátima Felgueiras, espera-se de qualquer cidadão, ainda mais alguém com responsabilidades públicas e políticas o escrupuloso cumprimento das leis que regem a nossa nação. Mesmo sendo inocente, o que para esta questão é completamente indiferente, tem a obrigação moral e cívica de aceitar e contestar, por meios legais, as decisões que afectem a sua vida pessoal. Mesmo completamente inocente e vítima de falsas acusações tem a obrigação de cumprir o que lhe for imposto, com respeito e paciência, procurando assegurar o cumprimento pelos seus direitos, que só existem quando acompanhados das suas respectivas responsabilidades.

O exemplo que está a dar ao nosso país é triste e vergonhoso. Queremos um país mais sério, mais responsável, mais participante e mais consciente. As suas acções só demonstram um total desrespeito e desobediência pela normas que nos regem.

Em relação a poder aguardar pelo julgamento em liberdade? Eu propunha o contrário, já que não respeitou a medida de coacção imposta, que se improvisasse uma medida mais gravosa de coacção, como por exemplo dar-lhe uns valentes açoites, ou obrigá-la a assistir aos debates políticos da SIC Notícias, sem intervalo e com o volume no máximo.

Espero em breve ter notícias suas, com os melhores cumprimentos,

Bernardo Ramirez

Fátima Felgueiras Reloaded - Repórter "Quase" Sempre em Pé

Para os mais interessados informa-se que a Dra. Fátima Felgueiras voltou. Ainda agora tava no Brasil, mas agora já está cá. Em breve daremos mais detalhes!

Veja as novidades no Público!

terça-feira, 20 de setembro de 2005

Buzinas e Mercedes

Hoje, a caminho do meu local de trabalho, esse jardim no centro de Lisboa (parabéns ao casal de jardineiros), fui confrontado com algo demasiado comum na nossa cidade: a buzina de um Mercedes e neste caso (como na maior parte dos casos) pertencente a uma taxista.


- BUUMMM, BUUMMM, BUUMNMMMM.

A ecoar na minha cabeça. Logo cedo, antes do café e tudo. Sim senhor, já o vimos, muito prazer e claro que está com pressa.

Ao chegar ao meu local de trabalho, ao meu lado, mais dois Mercedes, estes simpaticamente silenciosos, entravam para o meu parque de estacionamento. Eram daqueles mini-mercedes, tipo mercedes-de-preparação. "Filho, hoje que já tens 18 anos e carta de conduzir vou dar-te algo para te preparar para os grandes carros que vais ter: este mini-mercedes." E a alegria inunda a família Mendes, ou Sousa, ou Esteves ou o que for.

Claro que os carros depois vão crescendo como os proprietários, e as buzinas com eles também.

Bum para aqui, bum para ali e bum para mais acolá. Sempre ao nosso lado ou atrás. Para não sabermos bem se a porcaria da buzina nos é dirigida. Mas sempre para garantir que num quilómetro quadrado todos sabem que vai ali um Mercedes e alguém ou com pressa, ou que gosta de chamar a atenção, ou então as duas coisas.

Por isso vinha aqui fazer uma proposta, que aumentaria bastante a nossa qualidade de vida. Ou proibir as buzinas nos Mercedes, ou arranjar um som tipo: pim, pim, ou piu, piu ou algo tão suave que nem se podesse garantir que se ouvia no carro à frente.

Isso sim!

Agora a questão resta: e se os modelos Mercedes deixassem de fazer barulho, será que continuavam a ser tão vendidos? E os taxistas? Se calhar escolhiam outro modelo ou então adaptavam buzinas triunfantes aos seus Mercedes e então passariam a buzinar por todo o lado, só para vermos como buzinam.

Morreu Presidente da Câmara - Repórter "Quase" Sempre em Pé

Um presidente de Câmara está a passear tranquilamente quando é atropelado e morre. A alma dele chega ao Paraíso e dá de caras com São Pedro na entrada:
- Bem-vindo ao Paraíso!, diz São Pedro, antes que possa entrar, há um probleminha. Raramente vemos políticos por aqui, sabe, então não sabemos bem o que fazer com você.
- Não vejo qual é o problema, é só me deixar entrar, diz o antigo presidente.
- Eu bem que gostaria, responde o santo, mas tenho ordens superiores. Vamos fazer o seguinte: Você passa um dia no Inferno e um dia no Paraíso. Aí, pode escolher onde quer passar a eternidade.
- Não precisa, já resolvi. Quero ficar no Paraíso, diz o ex-presidente.
- Desculpe, mas temos as nossas regras.
Assim, São Pedro acompanha-o até o elevador e ele desce, desce, desce até ao Inferno. A porta se abre e ele se vê no meio de um lindo campo de golfe. Ao fundo o clube onde estão todos os seus amigos e outros políticos com os quais havia trabalhado. Todos muito felizes em traje social. Ele é cumprimentado, abraçado e eles começam a falar sobre os bons tempos em que ficaram ricos às custas do povo. Jogam uma partida descontraída e depois comem lagosta e caviar. Quem também está presente é o Diabo, um cara muito amigável que passa o tempo todo dançando e contando piadas. Eles se divertem tanto que, antes que ele perceba, já é hora de ir embora. Todos se despedem dele com abraços e acenam enquanto o elevador sobe. Ele sobe, sobe, sobe e a porta se abre outra vez. São Pedro está esperando por ele. Agora é a vez de visitar o Paraíso. Ele passa 24 horas junto a um grupo de almas contentes que andam de nuvem em nuvem, tocando harpas e cantando. Tudo vai muito bem e, antes que ele perceba, o dia se acaba e São Pedro retorna.
- E aí? Você passou um dia no Inferno e um dia no Paraíso. Agora escolha a sua casa eterna.
Ele pensa um minuto e responde:
- Olha, eu nunca pensei... O Paraíso é muito bom, mas eu acho que vou ficar melhor no Inferno.
Então São Pedro o leva de volta ao elevador e ele desce, desce, desce até ao Inferno. A porta abre e ele se vê no meio de um enorme terreno baldio cheio de lixo. Ele vê todos os amigos com as roupas rasgadas e sujas catando o entulho e colocando em sacos pretos. O Diabo vai ao seu encontro e passa o braço pelo ombro do ex-presidente.
- Não estou entendendo, - gagueja o presidente - Ontem mesmo eu estive aqui e havia um campo de golfe, um clube, lagosta, caviar, e nós dançamos e nos divertimos o tempo todo. Agora só vejo esse fim de mundo de lixo e meus amigos arrasados!!!
O Diabo olha pra ele, sorri ironicamente e diz:
- Ontem estávamos em campanha. Agora, já conseguimos o seu voto...

segunda-feira, 19 de setembro de 2005

Risquinhos Amarelos - Serviço Público de Bloguismo

A todos aqueles que tiraram a carta há muito tempo, que não se lembram, que tiveram de pagar ou encurtar o exame de código o blog Bom Tempo no Canal vem prestar mais um dos seus grandes serviços.

Sempre que estiverem na vossa viatura perante um cruzamento, um T, ou qualquer outro entroncamento, se virem umas riscas amarelas no chão (meio apagadas ou até intactas) isto quer dizer que o vosso carro não deve parar sobre elas em nenhuma circunstância. Se pararem o carrito lá, tão a tapar outros carritos, que por sua vez irão tapar outros, e em vez de demorarmos umas horitas, demoramos uns diazitos.

Sim, eu sei! Há sítios onde nem se vê os riscos, e outros que nem os têm. Mas o problema resolve-se com facilidade. A partir de hoje, em todo o lado, nunca parem o carro no meio de outra via de rodagem. Será tão melhor.

Obrigado!

Excerto do Manual de Conduta Política Universal

Caros amigos estou de volta. Tenho muito para contar, mas pouco tempo para o fazer, por isso não resisto a deixar-vos com uma informação fundamental encontrada em todos os manuais de boas práticas políticas. Será isto a ética republicana que o nosso Presidente mencionou há umas semanas?

Lei 32 - Sobre Indícios de Prática de Crime

Artigo 2º – Sempre que o detentor de um cargo público for indiciado da prática de algum crime deverá imediatamente renunciar ao cargo público. Se, posteriormente for acusado não deverá voltar a ocupar qualquer cargo público. Se se provar a sua inocência poderá, resolvidas todas as acusações, regressar a cargos públicos ou candidatar-se aos mesmos.


Lei 56 - Sobre o Acumular de Outros Cargos Juntamente Com Cargos Públicos

Artigo 1º – Respeitando o princípio do serviço público, e do interesse da sociedade que serve, o funcionário público, eleito ou contratado, nunca deve acumular, no mesmo período de tempo, qualquer outra função profissional.

Artigo 2º – Mesmo não existindo conflito de interesses entre a função pública e outra qualquer, a prioridade tem sempre que ser dada ao cargo público.

Artigo 3º – Isto aplica-se com mais veemência a todos os cargos eleitos, que sob nenhuma circunstância deverão sacrificar o bem público.


PS: Amigos políticos: Fátima Felgueiras, Avelino Ferreira Torres, Isaltino de Morais, Valentim Loureiro, ou outros quaisquer menos conhecidos, até quando? Até quando brincarão com a vida e o dinheiro das pessoas que vos elegeram, ou que vos pagam os salários, ou que acreditam em suas excelências? Não se pode confundir o poder político, que vem com grande responsabilidade, com a vossa própria pessoa, nem com as vossas próprias vontades e gostos. Juizito!!!

quinta-feira, 15 de setembro de 2005

A todos aqueles...

que dizem: "Ah, e tal, e eu até gosto disto, mas onde é que anda o tipo que escreve para aqui? Será que emigrou, tá doente, ou sem net?", informa-se que o mesmo se encontra no Alentejo em trabalho e por isso tem de poupar energias.

Mas volta!!!

Obrigado Miccoli

Quem quiser saber mais é só clicar na fotografia :D

terça-feira, 13 de setembro de 2005

Alta Quoficiente de Basófia - Repórter Sempre em Pé

Segundo informações de fonte fidedigna, depois de análises clínicas detalhadas, foi encontrado um alto nível de taxa de basófia nos políticos portugueses. Principalmente junto de líderes políticos, candidatos a presidentes, ex-candidatos a presidentes, aindanãosei-candidatos a presidente, quegrandemerdaemqueistosetransformou-candidatos a presidente.

Por favor, amigos deste país, amigos políticos, amigos líderes. Parem com isso. Afinal, todos sabemos quem é o campeão da humildade. Vide Gato Fedorento

Reportér Sempre em Pé

Para esclarecer - Serviço Público de Bloguismo

Em relação ao que nos acontece só há duas hipóteses: ou acreditamos que podemos influenciar o nosso destino, ou achamos que não podemos.

Se podemos influenciar o nosso destino, então o melhor é acreditar e trabalhar para que tudo corra bem. Corre melhor e os dias até sabem bem.

Se não podemos, então pelo menos o tempo que passamos até ao resultado corre melhor e sentimo-nos mais tranquilos e felizes.

segunda-feira, 12 de setembro de 2005

Cuidado aí no céu

Sempre o ouvi. Nunca o vi. Mas era sempre forte e destemido. Sempre com o sotaque carregado. Cheio de personalidade. Era um gladiador português. Dizia que dava conta deste e daquele. Que aniquilava o outro e mais aqueloutro. E aí de quem se metesse com ele! Era um dos bons, dos genuínos. Na fantasia juvenil ele representava um misto de herói com homem simples.

Tinha uma clínica onde ajudava a tratar problemas de saúde e que a minha mãe ainda frequentou aqui em Lisboa.

Era o meu Tarzan, não era da selva, nem dos macacos, mas era o português, o do bacalhau, do caldo verde e do torresmo.

Agora partiu para outro sítio. Já o estou a ver, à porta do céu, a falar com S. Pedro: "O quê? Não posso??? Tu vê lá bem S. Pedro. Pensa duas vezes. Até podes chamar Jesus, ou até mesmo Deus. Dou conta de todos. Afinal sou o Tarzan Taborda."

E por isso vos informo. Oh malta angelical. Tenham cuidado. Tenham muito cuidado. Ele é nosso, é bom, é forte... e é só nosso. Cuidado aí no céu!

Não Somos!!!

Não somos uma célula anti-americana. Não somos anti-americanos.

Somos apenas anti-palermas!!! (quando as palermices não são tipo beber de mais na festa de uns amigos, ou enganar-se e trocar o nome das pessoas, é mais anti-palermas quando a palermice é invadir um país ou achar que se têm sempre razão)

Os Bush dão Grande Ajuda - Repórter Sempre em Pé

Segundo informação fidedigna fomos informados que filho e pai Bush estão a trabalhar activamente, em New Orleans, para ajudar a resolver os inúmeros problemas. Como se pode ver pela foto a família Bush está a pôr em prática as melhores técnicas de salvamento e sobrevivência desenvolvida em anos.

Repórter Sempre em Pé












domingo, 11 de setembro de 2005

Há Tempos - Legião Urbana

Parece cocaína, mas é só tristeza, talvez tua cidade
Muitos temores nascem do cansaço e da solidão
E o descompasso e o desperdício
Herdeiros são agora da virtude que perdemos
Há tempos tive um sonho, não me lembro, não me lembro
Tua tristeza é tão exacta e hoje o dia é tão bonito
Já estamos acostumados a nem termos mais nem isso
Os sonhos vêm, os sonhos vão, o resto é imperfeito
Disseste que se tua voz tivesse força igual à imensa dor que sentes
Teu grito acordaria não só a tua casa, mas a vizinhança inteira
E há tempos nem os santos têm ao certo a medida da maldade
E há tempos são os jovens que adoecem
E há tempos o encanto está ausente, e há ferrugem nos sorrisos
E só o acaso estende os braços a quem procura abrigo e protecção
Meu amor, disciplina é liberdade
Compaixão é fortaleza, ter bondade é ter coragem
E ela disse
Lá em casa tem um poço, mas a água é muito limpa

Edukadores

Hoje fui assistir a este filme de produção alemã. Confesso que sou fã de filmes americanos, de grandes efeitos especiais, de tramas padronizados e de personagens estandardizadas. Acho que me agrada passar aquele tempo cheio de fantasia fácil e cómoda. Cheio de coisas extraordinárias e simples, sem profundidade e que me divertem. As produções europeias, sem generalizar claro, tendem para um modelo que me aborrece. Recorrem muitas vezes a conceitos mentais, densidades que me entediam e que não acho muito diferentes das americanas. Apenas noutro modelo, noutro comprimento de onda. Existem sempre excepções e já tenho visto produções nacionais e europeias que me agradam muito. Recordo por exemplo o "Fala com Ela" do Almodôvar.

Este filme também pode encaixar-se nessa excepção. Não porque as questões sejam muito inovadoras, mas porque acho que são problemáticas comuns a todos nós. Por um lado, a do crescimento e das escolhas que fazemos conforme vamos envelhecendo. Por outro, as do peso das escolhas que fazemos e da importância ideológica das mesmas.

Diz um personagem: “Se antes dos trinta não fores liberal, não tens coração. Se depois dos trinta ainda fores liberal, és um idiota.” Não sei se é bem verdade, mas não posso questionar que se encaixa em grande parte dos moldes da sociedade ocidental. Realmente a rebeldia é algo natural a uma certa camada etária, ainda mais porque essa camada etária tem vindo a envelhecer e, por essa razão, as acções rebeldes acabam por tomar um maior dimensão, ser mais “revolucionárias” ou mais “contestarias”. Acho que todos já fomos do contra, todos já quisemos mudar o mundo, todos acreditámos que tínhamos o poder para o fazer, e que a nossa vontade era o que bastava. Também é verdade que chegada determinada idade conclui-se que o mundo não é assim tão branco e preto, que os bons e os maus não são divisões estanques, nem tão fáceis de definir, e que com a responsabilidade vêm decisões difíceis, que com o trabalho, com a família, com a aquisição de bens, tudo muda, as prioridades deixam de ser o mundo e passam a ser as nossas vidas pessoais, as nossas dívidas, as nossas dúvidas.

No meu caso pessoal sinto-me confuso. Porque sinto que cada vez mais estou mais próximo de uma mensagem mais liberal, mais de esquerda, mais idealista e sonhadora. Deixo a avaliação convosco.

A outra dimensão do filme também me é apaixonante. Se devemos ou temos poder e capacidade para abdicar de tudo pelo que acreditamos. E se o fazemos em nome de algo que acreditamos ou unicamente por medo, ou por necessidade de protagonismo. Não há respostas fáceis, mas estou certo que todos já o desejaram: deixar tudo e partir para algum sítio, para fazer alguma coisa que realmente acreditem. E a grande maioria, peço desculpa aos mais determinados, terá ficado no sofá adormecido.

Realmente é muito importante aquilo que acreditamos, mas não sei se a solução é afastarmo-nos do mundo em que vivemos ou se é encontrá-la no dia a dia. A distância, como já disse, é cómoda e importante. Mas não resolve. Que o digam todos aqueles que partiram e que quando voltaram encontraram tudo igual. Não porque as coisas não tenham mudado, mas porque as suas questões, que ficaram congeladas pela distância, não se resolveram sozinhas. É bom sermos rebeldes, e melhor ainda quando o fazemos por uma causa com importância e com justiça. “Hasta la victoria siempre.”

Mas realmente é uma reflexão individual, profunda e importante. Uma reflexão que o filme transporta para os nossos corações, com simplicidade, sem violência e com muitas interrogações. E até porque “Há pessoas que nunca mudam!”

quinta-feira, 8 de setembro de 2005

Implosão – Serviço Público de Bloguismo 2

Há razões para crer que terá sido a SIC a implodir!!!

CUIDADO, MUITO CUIDADO

Implosão – Serviço Público de Bloguismo

A todos os que se encontram na margem oeste do país, abaixo de Setúbal e acima de Melides aconselha-se todo o cuidado. Segundo informação noticiosa vão implodir umas coisas por lá. O que é isso? Não se preocupem, façam só o que estamos a dizer. Acreditem em nós! Se correr bem só se fracturam os prédios vizinhos, e alguns jornalistas de fato escuro e gravata ficarão com a barba chamuscada. Se correr mal podem cair relâmpagos dos céus e etc e tal. E se calhar um político ou dois podem ficar muito mal dispostos.

Avisa-se por isso a todos os habitantes para se fecharem em casa, longe de rádios e televisões. Assim salvam-se por três razões: não perdem tempo a ver parvoíces; depois não estupidificam a ver idiotas engravatados à frente da câmara a dizer coisa nenhuma, depois não sentem que perdem tempo e dinheiro em nadas e coisas nenhumas. E se quiserem aproveitar namorem, façam amor, falem com os vossos filhos ou pais ou amigos ou sei lá, coisas animadas e bem mais interessantes.

Se implodir, implodiu. Se não implodir, depois logo se vê.

Quem não tem Katrina, não tem nada.

RECOLHAM ÀS VOSSAS CAVES!!!

Katrina

"Era um assassino anunciado, mas quando o Katrina arrasou Alabama, Louisiana e Mississipi, poucos lideres se encontravam nos seus postos. Bush estava de férias no seu rancho em Crawford, Texas, e passaria os dois dias seguintes a reunir fundos para o seu partido na Califórnia e Arizona. O vice-presidente Dick Cheney repousava no Wyoming. A secretaria de Estado Condoleezza Rice comprava sapatos em Manhattan. Uma boa parte do staff presidencial faltou quando era mais preciso, incluindo conselheiros de imprensa, ausentes num casamento na Grécia." in Visão

Autárquicas LX - Encruzilhada

Estou numa encruzilhada política. Em quem votar para a capital? Por favor, preciso de ajuda...
Comentários serão muito úteis!!!

"Felizes os pobres de espírito, pois deles será o reino dos céus"

quarta-feira, 7 de setembro de 2005

Caminho de Santiago 1

O mar visto daqui parece imenso, sem fim, sempre azul esverdeado. Há um sentimento de paz, de força interior. Que belo este mar. Mar que nos liga, mar que nos dá vida, que nos alimenta, que nos refresca.

Saí do carro e subi as pedras intemporais que pairavam no alto do monte. Visto daqui, tudo parece tão mais pequeno, tão menos importante. Estou no fim da terra.

Há centenas de anos atrás, aqueles que percorriam o caminho em direcção a Santiago de Compostela vinham até aqui. Até ao fim da terra. Procuravam encontrar um oceano que não conheciam e levar com eles um pouco desta imensidão.

Acreditavam que a mãe de Jesus tinha desembarcado nas praias desta costa. Que tinha vindo acompanhar o corpo do apóstolo Tiago até ao seu último descanso.

Nessa altura, os que caminhavam centenas de quilómetros, e por vezes até milhares, queriam guardar um pouco da jornada consigo, queriam ter uma prova da sua jornada. E neste mar imenso as conchas (ou vieiras) representavam a conclusão dessa viagem, eram testemunhas simples da jornada.

O caminho era feito por muitas razões, mas acima de tudo por uma vontade interior, uma predisposição, uma fé que encontrariam algo no fim do caminho, ou no próprio caminho.

Agora que chegava aqui, ao fim da terra, que encontrava uma vez mais este encontro de terra e mar encontrei também a vontade de percorrer esse caminho. Não pelo destino do mesmo, mas pela jornada. Porque nesse caminho somos confrontados com o nosso próprio ser. O tempo anda mais devagar e o corpo torna-se o nosso veículo principal.

Mais depressa, ou mais devagar, para passar por aqui ou por ali, não importa. Não importa muito chegar a Santiago ou ir em direcção a outro qualquer lugar. Importa sim esse caminho interior, sem tecnologia, sem pressas e sem pressões.

Estava no alto do monte, em cima da pedra, perto do fim da terra. Será que tudo acaba aqui? Que se renova e recomeça? Não sei...

Mas a vontade nasceu. A vontade de percorrer.

Este jogo de vontades é curioso. Queremos fazer as coisas, mas depois olhando com atenção o que é que descobrimos? Que na realidade estamos sempre a percorrer um caminho. Um caminho que pode não ser de terra, nem de campos de trigo, nem de macieiras, mas sempre um caminho.

Mas ás vezes a distância faz bem, para vermos tudo em perspectiva, para percebermos melhor, para conseguirmos sentir, para nos encontrarmos. Sem pressas, sem pressões.

Não sei, neste instante, do fim da terra, se o meu percurso é este (o de Santiago) ou um outro qualquer. Mas sei que este chama por mim, e eu por ele. Não sei como, nem sei quando, mas chama por mim.

terça-feira, 6 de setembro de 2005

Quero tanto, tanto, tanto...

Tenho uma daquelas pulseirinhas dos desejos que me trouxeram do Brasil, da Nossa Senhora da Bahia. Elas são óptimas, fáceis de pôr, sem nenhuma espécie de regra, e se esfregarmos as mãos em rochas, facas, lixas ou qualquer outra coisa do género (natureza cortante) a mesma desfaz-se e lá se concretiza mais um desejo.

Acho óptimo!

Ainda por cima nunca ninguém sabe ao certo como funcionam. São três nós! Não basta um. E afinal dá para quantos desejos? Tantos quantos os nós. Então quero trinta. E depois atira-se para o mar? Não eu ponho na sanita... Mas olha que tem de ser na sétima onda.

Mas isto é como os jogos de azar, nunca ganhamos, mas vai-se lá saber o que se passa, o que vai se passar, se calhar até dá. Se calhar até ganhamos cinquenta mil milhões de euros e podemos comprar triliões de pulseirinhas e ainda ter mais sonhos concretizados.

Quero ter um carro novo, quero ter uma namorada nova, quero uma casa, um emprego, quero ganhar muito dinheiro, quero ter saúde de ferro, quero, quero, quero tanto...

Na realidade acho que isto é o sonho de todos os homens, aquela luta quase infantil contra os factos. Viver exige esforço, dedicação, trabalho, empenho. Se queremos um trabalho temos de nos esforçar, se queremos uma namorada temos de aprender a relacionar-mo-nos, se queremos saúde, não podemos passar a vida a rebentar o fígado.

Mas no fundo, o que era bom, era ser fácil, tipo instantâneo, tipo pulseirinha da bahia. Quero tanto, tanto, tanto...

segunda-feira, 5 de setembro de 2005

Lusotango


Hoje, só mais uma coisinha:

Na festa abaixo mencionada assistimos a um concerto fabuloso: Lusotango Para quem os quiser conhecer, é só carregar no nome.

Aconselhamos!

Tudo Arrumadinho

Gosto muito de gavetas, sempre gostei. Aquele cheiro de madeira, os forros de papel colorido, os saquinhos com lavanda. Gosto de gavetas: de cuecas, de meias ou de t-shirts. Gosto das que têm papel e canetas coloridas, ou das que guardam as cartas e os postais das viagens. Gosto das que guardam os bilhetes que vamos reunindo com o tempo.

São úteis e são práticas. Julgo que quem pensou: "eh pá, e se neste armário eu metesse umas coisas que dessem para puxar e voltar a meter para dentro, onde se pudesse pôr tudo e mais alguma coisa, arrumar coisas, que bela ideia seria"; era realmente um génio.

Gosto de gavetas: aquelas que guardavam os chocolates em casa da avó e que depois de almoço podíamos ir buscar, as gavetas com os talheres de prata, ou com os guardanapos brancos. Gosto de gavetas.

Mas se calhar a moda pegou demais. A necessidade de deixar tudo ordenado, no sítio, tudo bem posto e organizado. Se calhar a moda pegou. E agora as pessoas arrumam tudo, mas mesmo TUDO. E se na parte dos bens materiais não me faz confusão, na parte dos sentimentos, das emoções, deixa-me bastante apreensivo.

"Amigos, para aqui. Namorados, acolá na gaveta de baixo. Os chatos, vão para ali."

As pessoas gostam tanto de arrumar que colocam tudo lá. Coisas boas e coisas más, alegrias e tristezas, amigos e inimigos, chefes e empregados, aventuras e incidentes, família, vizinhos, donos de café e tudo o mais que lá couber. E do lado de fora coloca-se um papelinho rectangular com o título da gaveta só para não se baralharem muito.

Claro que ás vezes é difícil arrumar algumas coisas: "Gosto dele, então vai para aqui; espera, mas ele ás vezes é tão chato, se calhar é melhor pôr ali; mas ele tem uns olhinhos, vai mas é para esta." E outras vezes é mais difícil de identificar:"Esta vai para o baú dos 'não faço nem ideia' ".

Gosto de gavetas, mas acho que já estamos a exagerar: ele é velho, ele é mau, ela é chata, ele é pequeno, ela é preguiçosa, ele é mariquinhas. Se calhar já chega. Já CHEGA!

Usar gavetas é óptimo, serve para muita coisa material. Mas o resto, sinceramente, não o arrumem, deixem-no sempre a jeito. E a cada instante olhem para o outro sem rótulos, e sem gavetas.

Afinal até pode acontecer que não caibam lá dentro, e depois? Já pensaram no trabalho que dá?

"Morena de Angola"

Pra minha morena de Angola, porque tás sempre presente

"Morena de Angola que leva o chocalho amarrado na canela
Será que ela mexe o chocalho ou o chocalho é que mexe com ela
Morena de Angola que leva o chocalho amarrado na canela
Será que ela mexe o chocalho ou o chocalho é que mexe com ela
Será que a morena cochila escutando o cochicho do chocalho
Será que desperta gingando e já sai chocalhando pro trabalho
Morena de Angola que leva o chocalho amarrado na canela
Será que ela mexe o chocalho ou o chocalho é que mexe com ela
Será que ela tá na cozinha guisando a galinha à cabidela
Será que esqueceu da galinha e ficou batucando na panela
Será que no meio da mata, na moita, a morena inda chocalha
Será que ela não fica afoita pra dançar na chama da batalha
Morena de Angola que leva o chocalho amarrado na canela
Passando pelo regimento ela faz requebrar o sentinela
Morena de Angola que leva o chocalho amarrado na canela
Será que ela mexe o chocalho ou o chocalho é que mexe com ela
Morena de Angola que leva o chocalho amarrado na canela
Será que ela mexe o chocalho ou o chocalho é que mexe com ela
Será que quando ela vai pra cama a morena se esquece dos chocalhos
Será que namora fazendo bochincho com seus penduricalhos
Morena de Angola que leva o chocalho amarrado na canela
Será que ela mexe o chocalho ou o chocalho é que mexe com ela
Será que ela tá caprichando no peixe que eu trouxe de Benguela
Será que tá no remelexo e abandonou meu peixe na tigela
Será quando fica choca põe de quarentena o seu chocalho
Será que depois ela bota a canela no nicho do pirralho
Morena de Angola que leva o chocalho amarrado na canela
Eu acho que deixei um caho do meu coração na Catumbela
Morena de Angola que leva o chocalho amarrado na canela
Morena, bichinha danada, minha camarada do MPLA"

Chico Buarque 1980

"A Revolta dos Keridos" 2

Segundo o comentário de uma amiga:
"Os homens, ou são ursinhos, ou são ursos."
Venha o diabo e escolha!!!

"Pra que somar se a gente pode dividir"

Neste último fim de semana vivi uma experiência extraordinária. Voltei à Festa do Avante!

Foi bom, mas foi surpreendente. Tanta, mas mesmo tanta gente. Milhares e milhares...

Não costumo gostar de banhos de multidão, do suor na cara, dos encontrões, da falta de espaços para nos sentarmos e até de casas de banho, mas gostei de estar lá. Gostei de participar numa festa de tanta diversidade. Com tanta gente de tanto lado, de tantos feitios, de tantas idades.

O mais próximo daquele espírito com que me deparei foi na Queima das Fitas, em Coimbra, naquele recinto eufórico. Mas aqui era diferente, mais idades, mais gentes, mais diversidade.

Se tivesse que resumir tudo escolheria dois argumentos a favor e dois argumentos contra.

A favor, é surpreendente encarar e participar da organização comunista. Os comboios, as camionetas, as filas, as senhas, os guias, os mapas tudo funciona, ou quase. Tudo claro e fácil, com pessoas pacientes e prestáveis. O espírito do "todos fazem a sua parte" (já iremos ao reverso da medalha), o espírito do "somos todos iguais". A Carvalhesa, os sorrisos, a preguiça e os espaços perto da água. Tudo muito bom.

A favor, é a diversidade. Diversidade de sons: desde o rock, passando pelo tango, até a música clássica. E eram crianças, jovens, adultos e velhos. A beber cerveja ou água, a fumar ou não, mas todos juntos. Diversidade de culturas: os portugueses, os galegos, os moçambicanos, etc. Diversidade de sabores: da sopa da pedra, passando pelo choco frito, e indo para as espetadas em pau de louro. Este encontro é a prova viva de que não precisa existir alta e baixa cultura. Todos podem participar em tudo. E acho que essa é uma das grandes lições da Festa do Avante. (e sim, Xutos e Clã foram demais!!!)

Contra, a “Luta continua”, “Resistência”, são exemplos de frases de ordem que se vêm espalhadas por todo o recinto. Em letras grandes, demasiado grandes. Não ponho em causa a validade histórica das afirmações e a sua importância. Mas neste milénio novo acho que já não há espaço para elas. Acho que chegou a altura de novas frases de ordem, de novas formas de comunicação: “A aprendizagem continua”, “Diálogo sempre”, “Construir em conjunto” ficariam deliciosas em cartazes gigantes e apelariam a um espírito renovado. Ao ver aquela malta nova, toda cheia de símbolos da revolução, com um discurso "camaradizado" deixa-me meio triste. Não que o discurso não tenha valor, é óbvio que tem, mas é preciso um discurso novo, não de resistência, de oposição, mas de construção. E principalmente, que os jovens o queiram para se rebelar acho bom e bonito, que o discurso queira os jovens para parecer mais forte e vivo, é triste e escusado.

Contra, algumas confusões normais da malta aqui desta ilha em que vivemos. Sim, é realmente muito barato (3 dias, 17 euros). É verdade que o trabalho é voluntário, que é tudo para o partido, e que isso tem valor e é importante (quando é feito com convicção). Claro que, como todas as formas de participação doutrinária, há quem acredite e faça, há quem não acredite e faça na mesma, e há quem não acredite, quer faça ou não. No Avante vi muitos não acredito, mas faço (talvez por hábito). Numa barraca fomos muito mal servidos e o senhor do lado de lá respondia ofendido: “Somos voluntários, não recebemos nada”. Está certo senhor, mas nós pagámos, e a decisão de como funcionam, a vossa oferta (digna e meritória) não nos diz respeito, não é nossa. Claro que é normal neste país que isso aconteça, que as pessoas sejam mal servidas, sempre com bons argumentos. Mas, se calhar, a malta comunista poderia fazer a diferença. Mostrar organização, profissionalismo e simpatia... e muita, mas mesmo muita organização.

Resumidamente, foi muito bom, são apenas arestas para limar. Até porque acho que nem a organização esperava o banho de multidão que vi lá, a viver a festa comigo. Sim realmente é muito melhor dividir, do que somar. Mas se o fazem que seja por convicção, é que de outro modo, não vale a pena.

Como Dizia o Poeta

"Quem já passou por esta vida e não viveu
Pode ser mais mas sabe menos do que eu
Porque a vida só se dá pra quem se deu
Pra quem amou, pra quem chorou , pra quem sofreu

Ai quem nunca curtiu uma paixão
Nunca vai ter nada não

Não há mal pior do que a descrença
Mesmo amor que não compensa
É melhor que a solidão
Abre os teus braços meu irmão, deixa cair
Pra que somar se a gente pode dividir
Eu francamente já não quero nem saber
De quem não vai porque tem medo de sofrer

Ai de quem não rasga o coração

Esse não vai ter perdão"

(Toquinho e Vinícius de Moraes)

sexta-feira, 2 de setembro de 2005

Eu, Naturalmente


Eu, naturalmente!!!

Realismo

Não sou apreciador do realismo. Não me refiro à corrente literária, mas àquele realismo ao qual as pessoas se agarram:"De um modo realista, tal e tal. Sejamos realistas, é preciso bla bla bla. Não nos acusem de falta de realismo..."

Não gosto! Acho que o realismo foi algo inventado pelos pessimistas deste mundo para se justificarem, para explicarem as suas posições ou para se desculparem quando as coisas correm mal.

Não gosto! Não aprecio essa forma calculista como analisam as situações, como escolhem estratégias ou posicionamentos. Claro que existe sempre um fundo racional e concreto a cada decisão que tomamos (ou é ideal que assim seja). Claro que a razão pode ser boa conselheira.

Não gosto! Porque tantas e tantas vezes o realismo acaba por pesar. Por desiludir, por deixar as escolhas meio abandonadas, já antes de iniciarmos os trajectos. Se não estamos convencidos, se realisticamente pode correr mal, então as forças faltam-nos, o amor e a vontade para o fazer.

Acho que o resultado final não depende só de nós. O meu amigo Data ( Star-Trek: Next Generation) recebe um conselho muito sensato do seu Comandante Jean-Luc Picard: “Às vezes podemos fazer tudo bem e mesmo assim não conseguir o que pretendemos!”

E para quem acredita nisso, que se convence que não basta só o que fazemos, que há muitas equações neste cosmo complexo, não poderá deixar de concordar que, se acreditar, se for convicto e cheio de esperança, se for bem disposto e alegre, pode não conseguir, mas de certeza que se diverte muito mais ao longo do caminho. E nem precisa de ser realista.

quinta-feira, 1 de setembro de 2005

Serviço de Urgência - 112

A título de informação breve confesso que ontem fiquei renovadamente surpreendido. Uma vez mais senti a necessidade de ligar para o 112. Estava a percorrer as ruas de Lisboa no meu carro quando, ao dirigir-me para um dos grandes cruzamentos, presenciei um quase acidente. Os semáforos desse cruzamento encontravam-se desligados.

Achei, como já o tinha feito anteriormente, que deveria telefonar para a Brigada de Trânsito a informá-los do que se passava. Como estava a conduzir e com o auricular, resolvi recorrer ao 112 (não tinha o número directo da Brigada).

E, o que me surpreende, é que aconteceu o mesmo que já tinha ocorrido em duas outras alturas: o telefone tocou, tocou, tocou e ainda tocou um pouco mais. E nada. Ninguém atendeu, ninguém disse para esperar na linha, nem para aguardar por uma operadora. Nada.

Agora uma de duas: ou estavam todos a lanchar, ou então têm forma de avaliar pelos toques do telefone a gravidade das situações, e perceberam que o meu telefonema não era caso de vida ou de morte.

Portal Português do 112


Sobre as Presidenciais e o Bochechas

Não posso deixar de fazer alguns comentários sobre o que se está a passar, no nosso país, relativamente às presidenciais.

Antes que pareça demasiado parcial gostaria de vos informar que sou um homem de esquerda, que acredito nos ideais da liberdade, da justiça social, e do direito ao trabalho, à saúde, à integração social e à felicidade.

Em primeiro lugar, gostaria de fazer alguns comentários sobre a minha reflexão: acho que independentemente do que aconteceu antes deste anúncio, quer tenha dito que sim ou que não, quer tenha sido a favor ou contra, é pouco relevante para a situação presente: daqui a alguns meses teremos de escolher o presidente do nosso país, e para mim, independentemente do meu gosto pessoal, só poderão sair dois vencedores (pela própria natureza da democracia): Cavaco Silva ou Mário Soares (e sim estou a presumir que Cavaco se irá candidatar), e essa deverá ser a maior reflexão dos portugueses.

Em segundo lugar, não podemos confundir as presidenciais com as autárquicas e neste momento estas últimas serão as eleições em que teremos de escolher, decidir, participar. (brevemente farei um comentário sobre elas)

No confronto entre Mário Soares e Cavaco Silva sou completamente a favor do primeiro. Explico-vos porquê:

Acho que a escolha que Soares fez é muito difícil e só a ingenuidade de algumas pessoas poderá levar ao pressuposto que o faz por capricho, vaidade ou orgulho. Um homem de 81 anos, com a sua carreira, com os cargos que já desempenhou, com a estabilidade financeira e familiar não tem mais de provar nada a ninguém.

Por outro lado, sem conhecer a sua vida privada, estou certo que a grande maioria dos familiares e amigos próximos lhe terão recomendado não o fazer, te-lo-ão pressionado para não o fazer, para deixar a sua carreira política por uma mais académica e tranquila, para deixar os trabalhos duros da política activa.

Acho que só mesmo o seu sentido cívico, o amor pelo seu país e a sua dedicação o levaram a tomar esta decisão, mesmo contra aqueles que lhe são mais próximos.

Por outro lado, nunca vi o nosso país no estado em que agora se encontra. Nunca vi, também só tenho 31 anos, uma crise económica tão prolongada, tantos problemas sociais (desemprego, endividamento, desilusão) como agora. Além disso, acho que vivemos num país do “põe a culpa no outro” e “tá sempre tudo mal”.

Sei que passamos momentos difíceis e também os sinto pessoalmente, mas também sei que somos pessimistas, que somos preguiçosos, e que adoramos intrigas e falsas questões para podermos debater: filosofia de café (chama-lhe uma boa amiga). Acho que olhamos para o nosso país com desencanto, com tristeza, com um olhar de quem vê tudo mal. Mas temos crescido tanto! Mas somos nós os obreiros do nosso país!

Por esta razão a candidatura de Mário Soares tem sido fonte dessa mesma malícia e desencanto: “É velho demais!”; “Mentiu quando disse...”; “Até já anda a trair os seus amigos!”

Independentemente da veracidade ou não das críticas que lhe são feitas, a pergunta que temos de fazer é outra. Todas estas questões são fruto da intriga política, são fruto de interesses mediáticos de ocupar manchetes, fazer notícias, arranjar patrocínios.

A pergunta que tem de fazer é: quem será melhor presidente? Quem melhor representa o país? Quem melhor garante a defesa dos nossos interesses quando confrontados com a constituição? Quem melhor nos representara internacionalmente? Quem melhor respeita as diferenças, os interesses de todos nós?

Se tiver que escolher entre Cavaco Silva e Mário Soares, eu escolherei sempre o Bochechas.

Para mim Soares é FIXE!

PS: Não se esqueçam: “Não perguntem o que o país pode fazer por vocês, mas sim o que podem fazer pelo vosso país!”